quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Compensa a Mentira do Papai Noel?

Já tive algumas poucas decepções em minha vida toda. A maior, porém, do tempo da infância, foi ter descoberto que o Papai Noel não passava de uma mentira, destinada a alegrar as ingênuas crianças. O tempo de Natal em nosso casarão de Bonfim era inteiramente atípico. Montava-se um enorme presépio, que ocupava a metade toda de um quarto. Meu pai era geralmente o construtor mestre da gruta e de todo o cenário, enquanto nós catávamos lodo no quintal, juntávamos pedras e admirávamos o Quive (assim chamávamos carinhosamente nosso pai), enquanto ele ia fazendo aparecer o belo cenário do nascimento de Jesus. Os presentes singelos mas muito esperados eram deixados dentro dos sapatos, colocados sempre atrás das portas, na certeza de que o Papai Noel chegaria pela madrugada, brindando-nos com presentinhos que nos deixavam cheios de felicidade e alegria. Pois bem. Na véspera de determinado Natal, quando eu deveria ter talvez uns oito anos ou nove, minha mãe, à noitinha, chamou Beatriz minha irmã e, em segredo, encarregou-a de ir à venda do Ilídio, com a incumbência de comprar os presentes de Natal da meninada. Minha irmã me chamou para acompanhá-la. Foi aí que a ficha caiu e eu compreendi que o tal Papai Noel não passava de mera ficção ou mentira. Que os presentes eram trazidos da capital por minhas irmãs que lá moravam. E como não puderam viajar para Bonfim naquele Natal, minha mãe  se vira na obrigação de suprir a função das filhas amorosas. Em silêncio curti minha decepção e a dor que senti, dor maior, certamente, por ver cair, sem preparação alguma psicológica, uma ilusão tão importante para minha alma de criança. Pelo menos em minha alma se gravou, na mesma ocasião, um sentimento de profunda admiração por minha mãe, reconhecendo seu amor oculto e seu sacrifício nas pequenas economias ajuntadas com vendas de verduras e com a acolhida aos pocuos hóspedes que ocupavam nosso hotelzinho de interiror. Agora eu pergunto:Será que vale a pena ainda hoje a mentira do Papai Noel? Terá um mínimo de valor educativo? Não será uma eterna fonte de traumas e desilusôres para os pequeninos?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O NATAL E A FAMÍLIA

     Em meio à comercialização do Natal, que quer dizer nascimento de Jesus, nem tudo está perdido e o pessimismo não deve dominar nossas mentes de cristãos. O presente maior para toda a humanidade nesta ocasião é o aparecimento, na terra, do Verbo Divino, encarnado sob a forma de ser humano, embora seja o próprio Deus. Os símbolos do nascimento de Cristo, bem como outros símbolos inventados depois, são usados descaradamente com finalidades financeiras e grandemente lucrativas. Entretanto há algo de tremendamente positivo e cristão, no meio de tanta mundanidade e fanfarronice. Refiro-me à reunião das famílias, geralmente praticada em todos os lares do Brasil.
     A ceia do Natal se transformou no ponto alto das comemorações do nascimento de Jesus. A alegria dos comes e bebes, da troca de presentes e dos cumprimentos familiares são, sem dúvida alguma, o sinal claro e profundo do amor e da convivência, que são a razão primeira de nossa criação e existência. Deus nos criou para sermos semelhantes a ele, o quer quer dizer que fomos inventados para amar e para conviver em paz, como ele também sempre conviveu eternamente no amor sem fim de sua Trindade. Isto é muito positivo e muito cristão. Eis por que, ao jargão tradicional, prefiro dizer que a família que se alimenta unida permanece unida. Feliz Natal para todos.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Natal, Mesagem do Amor

                    Os materialistas transformaram o Natal em comércio, em excelente meio de explorar os bolsos da humanidade e de se locupletar ainda mais de dinheiro. Os religiosos, chamados cristãos, certamente por lamentável engano, fizeram da mensagem cristã uma religião, eivada de ritualismo, de cerimônias, de rezas e de sacrifícios, sem falar no terrível moralismo em nome de Deus. Entretanto, pela mais singela leitura dos evangelhos, salta aos olhos do atento leitor que Jesus só pregou e só praticou, em sua passagem pelo planeta, o amor e a convivência, para os quais fomos imaginados e criados por Deus e, por isto mesmo, à sua imagem e semelhança. E não sou eu que estou inventando o que falo com toda a sinceridade e convicção. Foi o próprio Jesus que o disse, quando um zeloso e bem intencionado fariseu lhe indagou sobre o que era mais importante para servir a Javé. Amar a Desu sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo foi a resposta resumida, simples e direta do Filho de Deus. E será que os que se dizem mensageiros e embaixadores de Cristo na terra estou pregando e praticando o amor? Para mim foi São Vicente um dos maiores dos chamados santos e seguidores de Cristo. Em uma de suas famosas conferências ou palestras aos membros de sua comunidade ele sentenciou: "Amemos aos pobres, meus irmãos, mas amemos com a força de nossos braços e com o suor de nosso rosto". E não foi por acaso que um cadeal, levantando-se depois de uma profunda discussão sobre a cara da verdadeira igreja de Cristo nos tempos modernos, por ocasião do Concílio Vaticano II, chamou a atenção dos purpurados presentes, dizendo-lhes que estavam falando no vazio. Para o referido cardeal, a Igreja de Cristo estava presente em todo o mundo, na cara dos cardeais e bispos, e se chamava, com todos os pingos, Sociedadade de São Vicente de Paulo.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Com Bigode ou sem Bigode?

                    Trinta e oito anos atrás, quando eu era ainda noivo, deixei crescer meu bigode, a pedido de minha futura esposa Neiva. Era ainda a época em que um bigode bem cuidado era símbolo de elegância e de boa aparência. Devo ter sido dos poucos padres casados a deixar crescer o bigode. Logo me adaptei e apenas uma vez, para ver como ficava, raspei o dito cujo durante um fim de semana no ranchinho da Ilha. Naquela oportunidade a Neiva chorou, ao ver-me de cara lambida , sentindo a sensação de que eu não era eu.
     Hoje, por sugestão da Marilita, prima da Neiva, tomei coragem e derrubei a pequena mata que ocultava minha boca. Segundo a prima, eu me renovaria e teria aparência muito mais interessante. Seja como for, por vaidade ou por comodidade ao fazer a barba, raspei o bigode e aí estou, não sei se melhor ou pior, se mais feio ou mais bonito, se mais gordinho ou mais magro. O certo é que eu mesmo me estranhei, mirando-me ao espelho. Nunca imaginei que meu retrato seria o que sobrou de meu rosto. E você? Qual sua opinião? Com bigode ou sem bigode?

domingo, 30 de outubro de 2011

Lições de uma Festa

     Como sou otimista e estou convencido de que o desânimo e o derrotismo não levam a nada de bom, tirei conclusões interessantes, durante uma extraordinária festa de debutantes, organizada pela FIAT, a grande fábrica mundial de automóveis. Dentro da realidade mundial de nossos tempos, em que a democracia e o capitalismo andam juntos na maioria dos países do globo, prefiro abandonar ou deixar para segundo plano a verdadeira marretagem sobre o sistema predominante nos países mais desenvolvidos. Pensando cá com meus botões, quando reflito que o Criador nos fez semelhantes a ele, para vivermos em convivência perfeita e em partilha total de nossos bens com os mais necessitados, fico imaginando que os ricos demais e as grandes empresas, conscientemente ou não, realizam uma grande partilha, quando usam de seu capital para fornecer empregos e salários e, não raro, muitos outros benefícios. Se assim não fora, a maioria dos mortais da terra viveria à míngua em nossos dias.
     Assistindo à festa de debutantes de todo o ano de 2011, filhas de funcionários e operários da FIAT, reparei que foi uma festa deslumbrante, que talvez a maioria dos pais das meninas não tivesse condições de oferecer às mesmas. E a grande empresa de automóveis ofereceu tudo de graça para as debutantes e suas famílias. Dois dias de festas foram necessários, dado o grande número de meninas que chegaram aos quinze anos. Junto com minha neta, mais 138 garotas se apresentaram no sábado, sem falar em outro grupo semelhante, festejado no dia anterior. E tudo com perfeita igualdade, sem discriminar as famílias dos graduados ou as dos mais humildes operários. Tudo no estilo da grande família que a FIAT costuma dizer que realmente é. Fiquei sabendo também que a fábrica costuma ainda oferecer muitas outras festas para todos, no dia do trabalhador, no Natal, no dia das crianças, etc. Pode-se argumentar que tais festas representam mixaria para o tamanho de tal empresa. Mas não deixa de ser uma bela partilha e um espírito profundamente cristão, consciente ou inconscientemente.
     Olhando lá do alto, do ponto em que minha mesa estava colocada, calculei em mais de três mil pessoas a quantidade de presentes à festividade. E a mim mesmo perguntei: Será que Deus está presente neste burburinho, nesta alegria incontida, nestes comes e bebes?  É claro que estava. Pois foi ele mesmo que falou: Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles. E ali estava uma multidão reunida pelo amor, em nome de Deus, pois Deus é puro amor e, onde está o amor, aí está o Criador. Aquela era uma festa de amor, de alegria, de comemoração de centenas de aniversários de quinze anos. Parabéns à FIAT e que outras ou todas as empresas, grandes ou pequenas, acompanhem o exemplo tão lindamente proporcionado aos trabalhadores da empresa.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Minhas Três Grandes Amizades

                Tomando a palavra amizade em sentido muitíssimo amplo, acabei descobrindo, pela vida afora, três classes de seres que sempre me procuram, me aceitam e simpatizam comigo.
     Primeiro são as crianças, os nenenzinhos. É muito raro uma criancinha repelir-me, ter medo de mim ou chorar com minha aproximação. Geralmente elas riem para mim, aceitam meus carinhos e, muitas vezes, vêm para meus braços com facilidade.
     Depois vêm os pinguços. Todo bêbado inveterado, mesmo sendo meu desconhecido, aproxima-se de mim com facilidade e puxa papo comigo, como se eu fosse seu amigo de longa data. O mais isnteressante é que nunca tomei uma pinga sequer e nunca tomei bebida alcoólica,a não o doce e suave vinho das missas que eu celebrava.
     Finalmente, mais singular ainda, vêm os cachorros. Não costumo ter medo de cães e nem os hostilizo. Talvez até seja esta  razão pela qual os caninos parecem ter predileção especial pela minha pessoa. Em minhas andanças a pé, é muito comum os representantes do mundo canino me acompanharem, como se apreciassem minha companhia ou buscassem em mim alguma coisa com que a eles eu pudesse agradar.
     Será que alguém poderia explicar-me ou ao menos tentar entender, para mim, a razão da empatia de três categorias tão simpáticas?
     Seja como for, já sei que posso sempre contar com a correspondência e com a proteção e "amizade" destes três tipos de "amigos"

domingo, 16 de outubro de 2011

Curtição de Futuríveis

Na Filosofia aprendi que futurível consiste naquilo que teria acontecido, caso não deixasse de ter existido um fato anterior. Pois bem, dois acontecimentos de grande valor e significado para mim deixaram de suceder: A ida ao encontro da AEALAC no Caraça e o primeiro encontro de um grupo de reflexão, em meu rancho na Ilha de Capitólio, com uma turma de amigos recentes da cidade de Pará de Minas. Um conjunto de circunstâncias adversar c0nluiaram para que os dois eventos, por mim tão esperados, não acontecessem para minha frustrada pessoa.
Seguindo, porém, o conselho de um grande passtor evangélico do passado, procurei fazer, dos limões recebidos, duas limonadas consoladoras. Além do mais, procurei curtir, na medida do possível, as coisas agradáveis e gratificantes de que eu teria participado. Nos dois dias do encontro de reflexão, recebi, em pensamento, a caravana de amigos, na maioria desconhecidos ainda, de Pará de Minas. Fiz palestras longamente preparadas, andei com a turma, refletindo em caminhadas pelos trilhos e morros da Ilha e deles me despedi, na esperança de breves e gostosos encontros como o atual.
Com o coração partido, mais uma vez fui detido pelos malabarismos do destino, que não me deixaram chegar até ao Caraça. Entretanto ainda estou vivendo em pensamento o encontro dos antigos companheiros de seminário, pois ainda é domingo e teremos um almoço e uma bela missa, cantada pelo "Crescere". Ali estarei em pensamento, pedindo à Mãe dos Homens que me dê suas bênçãos maternais e me permita voltar ao Caraça muitas vezes, para rever os queridos colegas e amigos de outrora. Adeus Caraça, adeus amigos de meu grupo de reflexão. Tudio voltará ainda como realidade presente e não como meros futuríveis.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

As Famigeradas Provas em Meu Mundo

Abomino a palavra prova, quando se trata de medir o grau de aproveitamento de um aluno. Prefiro o termo avaliação. Em meu mundo de professor, cancelei o nome e a realidade das tradicionais provas . Eu avaliava os alunos no decorrer das aulas, sem dias nem horas marcadas e sem determinar as pessoas que seriam avaliadas. Eu descobria o grau de assimilação de meu conteúdo, através de perguntas e questionamentos que eram lançados em forma de joguinhos e competições. Lembro-me muito da "ponte do rio que cai", uma brincadeira usada no programa do Sílvio Santos. Eu lançava no quadro negro uma linha reta, formada de doze pedaços de linha. Cada linha correspondia a uma pergunta. Era a ponte de doze degraus, sobre um rio imaginário.
Quem quisesse podia apresentar-se para atravessar a ponte. Cada degrau correspondia a uma pergunta. Quem a certasse dez perguntas, tirava a nota máxima, correspondente a dez. O aluno tinha a chance de errar duas perguntas, sem perder a nota e cair no rio.
Outra maneira de avaliar era a estimada "rodinha", trazida da França por padres lazaristas franceses e muito usada em nossas aulas no Caraça. Eu colocava todos os alunos de pé, em círculo e em ordem alfabética. Depois ia fazendo perguntas, a começar pelo primeiro. Se o primeiro errase, a pergunta ia para o segundo, para o terceiro e assim por diante. Quem acertava subia na roda, passando para a frente do primeiro que errou. No final da aula, o rimeiro colocado tirava a nota máxima, e assim por diante. Era a aula e o aprendizado transformado em jogo e em competição, o que agrada muito aos jovens e adolescentes.
Isto tudo, sem falar que eu só marcava para os alunos a nota máxima. Aos outros eu deixava sempre a possibilidade de, em outra avaliação, conseguir a nota máxima. Desta maneira, houve ocasião em que, no fim do ano, uma 6a. série em peso tirou nota máxima em minha matéria de História.

sábado, 24 de setembro de 2011

Meu mundo e notas bimestrais

Em meu mundo, dentro das normas atuais, as notas bimestrais, usadas nos estabelecimentos de ensino, teriam que ter valor provisório. Que significa isto? Significa que, ao invés de se darem quatro notas bimestrais irretocáveis ou imexíveis, as tais notas bimestrais tinham que ter caráter provisório, de maneira que pudessem ser modificadas para melhores. Se são intocáveis, para mim elas funcionam como verdadeiras sentenças de morte. Imagino que qualquer aluno deveria ter o direito de melhorar sua nota bimestral, em qualquer época do ano, depois de se preparar para a avaliação do assunto em que se saiu mal. O que realmente interessa é o aproveitamento ao longo do ano, mesmo que à custa de qualquer tipo de recuperação. A única nota definitiva deveria ser aquela que é dada no final do ano letivo, quando não existe mais tempo e oportunidade para recuperações e avaliações.
Em meu tempo de magistério, tive que submeter-me ao sistema de notas bimestrais intocáveis, mas usei do sistema por mim preconizado, durante cada bimestre. Assim, durante todo o bimestre, o aluno tinha oportunidade de melhorar sua nota a cada aula. Mais adiante relatarei meu sistema de avaliação bimestral, que procurava dar a cada aluno a chance de sempre melhorar sua nota ao longo de cada um dos bimestres.

sábado, 10 de setembro de 2011

Bodas de Ouro Sacerdotais

São oito horas da noite. Cinquenta anos desde minha ordenação sacerdotal, a 10 de setembro de 1961. Até agora ninguém se lembrou do fato. Também não havia necessidade. Arrepiamos carreira e tomamos outro rumo, preferindo nossa felicidade a grandes e belos passos, porém fora do caminho. Apesar de tudo, dos descaminhos atuais da Igreja Católica, das crises e da desatualização e descompasso com o mundo atual, afirmo que tudo o que sou e pode engrandecer-me veio da mesma Igreja e da Congregação da Missão, sobretudo desta última. De maneira que o dia de hoje é por mim celebrado no silêncio e no anonimato, porém diante de Deus, com muita alegria e gratidão. Continuo com o caminho de profeta que tomei, ao optar pelo casamento e pela minha realização total como ser humano.Agradeço a Deus ter-me dado coragem de abraçar um caminho que era o meu,abandonando uma trilha que nãoi era a minha, com certeza. "Te, Deum, laudamus".

Provas em meu mundo escolar

Continuando a falar sobre meu mundo no ramo do ensino, quero fazer agora minha crítica às famigeradas provas escritas. Hoje me limitarei apenas a minha crítica a tal expediente tradicional de avaliação da aprendizagem dos alunos.O objetivo é bom, bom também o uso das provas, se elas realmente provassem o que deviam provar, isto é, o grau de aprendizagem da matéria colocada à prova. Só que, mercê dos longos anos que passei na escola, como também graças aos muitos anos de magistério em seminários e fora deles,cheguei à conclusão de que as terríveis provas provam realmente duas coisas, menos o que elas deveriam provar. Com muito raras excessões, as malsinadas e temidas provas testemunham o que nada interessa para a aprendizagem. Ou provam que o aluno é muito esperto, que sabe colar, que passa para trás os professores, com maestria singular, inventando todo tipo de esperteza e matreirice. E assim a escola vai treinando, desde cedo, os alunos para o caminho da falsidade, da mentira e do maquiavelismo, em que tudo vale, uam vez que se consiga o objetivo procurado e que o mestre não descubra a falcatrua.
Entretanto as provas costumam provar outras coisa, não tão ruim, mas secundária para o ensino. Elas provam, bastantes vezes ou mais vezes ainda, que o aluno tem boa memória. Disto sou testemunha pessoal, pois passei, no seminário, por aluno inteligente e até pelo melhor, não por ter aprendido e entendido os conteúdos, mas por tê-los decorado nos manuais usados e repetido como papagaio, sem nunca esquecer uma vírgula sequer. Em um concurso no Caraça, cheguei a ganhar o primeiro lugar de um aluno, apenas por uma vírgula que ele omitiu em sua prova. Só que o que deveria interessar em uma prova seria o conhecimento adquirido e não a memória ou a esperteza.

domingo, 4 de setembro de 2011

Minha aula em meu mundo

Em meu mundo ideal para hoje, o ensino seria muito diferente. No ensino, como o assunto é muito abrangente,vou limitar-me hoje apenas às aulas,a um aspecto apenas das aulas, como também a minhas aulas de História, como as ministrei até dez anos atrás.
Depois de muitos anos como professor, cheguei à conclusão de que o melhor meio de fazer os alunos se interessarem pelas aulas era suprimir o uso do livro didático pelos mesmos. Aliás, isto eu aprendi em um famoso filme chamado, se não me engano, de "A cidade dos poetas mortos", em que o mestre mandou os alunos rasgarem, na aula, seus livros didáticos. Assim sendo, os alunos tiveram, dali para a frente, que prestar a máxima atenção a minhas aulas e rarissimamente faltavam às aulas, sob pena de perderem o conteúdo por mim ministrado. Eu passei a ser a única fonte da matéria e os alunos perderam o costume da escravidão ao livro, no qual decoravam o conteúdo, quase sempre sem ao menos entenderem ou assimilarem o que ali estava escrito.
É evidente que, em tal sistema, eu tinha que dominar meu conteúdo, sem deixar dúvidas em meus alunos, mas também sem perder a humildade necessária, quando eu mesmo me mostrasse inseguro. Em tal caso, simplesmente eu prometia pesquisar sobre o assunto e fornecer-lhes as respostas exigidas, na próxima aula. Duas consequências surgiram logo de minha atitude, às quais me tenho já referido: O número quase nulo de faltas às aulas, bem como atenção mais que redobrada às palavras do mestre.
Como o assunto é muito extenso, deixarei para a próxima reflexão o importante e polêmico tema sobre as provas escritas, por mim consideradas inúteis e sem condição de provar nada daquilo para que foram instituídas.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Alguém já Chorou Minha Morte

Depois de mais de um ano distante de Capitólio, morando perto de Pirapora com a filha, voltou a nossa terra uma amiga negra, bastante deficiente em seu físico, devido a um acidente sofrido por aquelas bandas, antes de se mandar para Capitólio.
Tentei reensiná-la a escrever e a ler, mas não foi possível, pois o acidente físico teve também efeitos no cérebro, prejudicando a capacidade de aprendizagem. Ali, por-rém, nasceu uma amizade muito grande, daquelas que só podem fundar-se no amor verdadeiro, sem interesses financeiros, atrativos físicos ou esperança de recompensas de qualquer espécie. Dona Maria Pirapora, como comecei a chamá-la, tornou-se verdadeira mãe carinhosa para mim. Parece que ela também me considera um pai, embora eu não mereça tão grande honra.
Pois bem. Depois de voltar para Capitólio, fui visitar a grande amiga, agora morando não muito longe de mim.E a grande surpresa. Ela me confidenciou ter chorado muito minha morte, a ela comunicada talvez por brincadeira. E eu fiquei foi muito feliz. Se há coisa que temo acontecer é minha morte ser saudada com alegria e alívio pelos meus desafetos. Um grande consolo, porém, já posso ter. Creio que até nem preciso mais morrer, pois já fui velado lindamente, com lágrimas de sincera amizade e certamente com preces que me darão forças para conseguir mais amigos e amigas neste mundo de meu Deus. Assim seja!

domingo, 14 de agosto de 2011

segunda lição de um júri

Voltando ao júri do dia 12 de outubro, do qual participei como jurado, revelo mais uma reflexão que me veio à mente, durante o transcurso do acontecimento. Fiquei imaginando o tamanho da diferença entre o tratamento dado aos pequenos criminosos e o que é dado aos grandes assassinos, aos ladrões oficiais do dinheiro do povo, ocasionando a morte de muitos inocentes, com o desvio de verbas destinadas à alimentação e à educação dos mais necessitados. Observando a seriedade dos atores de um júri popular do interior, a capacidade e clareza de um juiz plenamente cônscio de seus deveres para com a sociedade, o respeito e o empenho dos responsáveis pela defesa e pela acusação do réu,bem como o interesse dos ouvintes e estagiários de Direito, culminando com uma sentença à altura dos crimes cometidos, fiquei triste, ao pensar na impunidade dos responsáveis pelos grandes crimes de lesa-pátria, acobertados, desculpados e, quem sabe, até aprovados por parte da sociedade. Por outro lado, embora meu coração doesse pela condenação do réu, tive o consolo de constatar, com otimismo, que é no grande interior, nas pequenas comarcas e nos julgamentos promovidos pelos autênticos brasileiros, que surgem os espelhos em que deviam mirar-se os maiores responsáveis pelo bem de nossa pátria. Devagar se vai ao longe e tomara que milhares de pequenas células como essa se multipliquem e abram os olhos dos que se consideram responsáveis pelo país.

sábado, 13 de agosto de 2011

Lições de um Júri

Vou interromper desta vez a descrição de "Meu Mundo", para comentar algumas reflexões que me afloraram à mente,enquanto eu participava, como jurado, do julgamento de um pobre homem, assassino pela segunda vez e ainda acusado de lesão corporal grave. Ficamos bem de frente para o réu, o que me permitiu fixar bem na mente a imagem cabisbaixa e triste do acusado. Para mim, aquele era um ser humano como qualquer outro, merecedor do respeito de todos e especialmente de nós, os responsáveis pela sua condenação ou absolvição. Eu já tinha colocado tudo nas mãos de Deus, mesmo antes de meu sorteio para o corpo de jurados de sete pessoas. Fiquei pensando que em Deus não há justiça, mas somente amor. A justiça não passa de uma invenção humana, para punir os descalabros do pecado e prevenir coisas piores. Teria eu a obrigação e o direito de julgar um ser humano? Cheguei à conclusão de que o fato de pertencer a uma comunidade inteligente e de ter que zelar pela sua integridade, tinha também o dever de ajudar a punir e julgar os que se tornassem perigosos para a sociedade. Dei meu veredicto, mas não deixei, em todo momento de julgamento, de lamentar a situação do réu e pedir a Deus por ele. Pelo menos, ao me despedir, não deixei de cumprimentar o condenado e de lhe dar alguma palavra de alento. Coisa triste,mas que me levou a outras reflexões, sobre as quais provavelmente falarei em ocasião oportuna.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Meu mundo e velórios

Passei por vários velórios nos últimos dias e tive a oportunidade de fazer boa reflexão sobre este acontecimento tão comum em nossa sociedade. Para dizer a verdade, sinto-me muito constrangido em comparecer a velórios. A quem cumprimentar?Que palavras dizer? Onde se colocar? Que assuntos puxar e com quem? Ou seria melhor ficar calado?
A meu ver, em vez do burburinho das conversas impróprias e generalizadas, penso que seria um momento mis do que propício para uma homenagem última à pessoa falecida. Seria a hora de lembrar os bons momentos, as benfeitorias, as histórias, os feitos, as atividades da pessoa que se despede deste mundo. Cada velório deveria ser adaptado às características do falecido.Dois velórios me marcaram bastante. Um foi de meu irmão Edson, pessoa muito alegre e divertida, com passagens verdadeiramente cômicas. Então passamos a noite a seu lado, relembrando tudo de engraçado que aconteceu em sua vida, rindo com ele e até lhe agradecendo os momentos alegres que nos tinha proporcionado desde a infância.
Outro velório interessante foi do "Macumba", assistido de nossa Conferência de São GEraldo, que apreciava como nunca dançara ao som de ama sanfona ou de um acordeon. Varamos a noite cantado e tocando, como ele gostava.
No velório de minha sogra, tocamos e cantamos o "Luar do Sertão", a pedido dela mesma, enquanto vivia. Foi emocionante a música e ela parecia sorrir, ouvindo a música de sua predileção.
Em resumo, cada velório deveria ser um velório diferente, adaptado às características da pessoa falecida.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O Casamento em Meu Mundo

Abro minhas considerações sobre o mundo ideal, conforme meu modo de pensar. Claro que não é o casamento ideal, de acordo com os planos originais de Deus, mas o que penso, dentro das conjunturas e estruturas hodiernas de nossa sociedade.
Do jeito como está, o casamento religioso não passa de uma farsa, um fingimento e um ato social. Não me parece haver casal que leve a sério o famoso "até que a morte nos separe". Palavras de padres no ato não passam de pétalas ao vento, às quais os noivos são os que menos prestam atenção. Para mim deveria haver duas etapas no casamento. Primeiro deveria haver o casamento provisório ou de experiência, com duração de cerca de cinco anos, durante o qual o casal iria conhecer-se, experimentar a convivência e afinar-se na vida a dois. Creio que também deveria ser, em tal casamento, proibida a geração de filhos, com o intuito de se evitarem os dramas constantes, gerados nos filhos pela separação dos pais. O resto funcionaria normalmente, como no casamento atual, tudo com o objetivo de se descobrir se a harmonia conjugal iria ter base sólida na vida a dois. Aliás,pelo próprio Evangelho, vemos alusão a tal tipo de casamento temporário na sociedade judaica do tempo de Jesus.'
Depois de tal período de prova, então seria realizado o casamento definitivo, com cerimônia especial, mas omitindo o famoso "até que a morte os separe" e se dzendo, em seu lugar: "Enquanto durar o amor". Pois o amor pode acabar. E se acabar?
Tinha, em meu mundo, que haver possibilidade de divórcio e de novo casamento, com os mesmos trâmites do primeiro.
Quero lembrar, todavia, que tudo o que aqui digo é para funcionar em meu mundo, aquele mundo que minha cuca enxerga e que pode ser até fruto de mente tacanha e atrasada. Pois é.

domingo, 10 de julho de 2011

Meu Mundo

A partir desta pequena reflexão, vou postar, de vez em quando, alguma coisa a respeito de meu pensar, relativamente a muitas coisas que acontecem em nossa sociedade brasileira. É claro que se trata de minha visão inteiramente pessoal, com críticas e até sugestões. Não estarei insinuando nada a ninguém, nem pretendendo ser um chicote da sociedade contemporânea. Pelo contrário, existem até muitas coisas de hoje que me parecem muito boas e melhores do que as coisas passadas. Vou apenas colocar para fora minhas idéias, não somente para me dar a conhecer como sou, como ainda para tentar ajudar meus irmãos brasileiros a viverem melhor e a curtirem a vida com mais amor e entusiasmo. Até breve!

Meu mundo

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre E-mails e chantagens

Gosto muito de receber E-mais interessantes e curiosos. Entretanto não me agradam dois tipos dos mesmos. Não gosto daqueles pornográficos, assim como detesto piadas do mesmo calibre. Para mim, sexo é coisa muito importante e digna de todo respeito do ser humano. Sexo tem ligação íntima com o maior dos amores, que é o amor conjugal, e não pode ser ridicularizado e transformado em matéria de histórias de baixo calão.Igualmente não gosto de receber mensagens do tipo correntes, que você deve mandar para tantas outras pessoas, sob pena de ser punido ou com promessa de receber benefícios. Para mim isto não passa de chantagem sentimental. Há muitos anos que tomei a resolução de rasgar e jogar no lixo todo tipo de corrente a mim enviada. Muito de superstição entra também nessa história de correntes. Não quero ofender as pessoas que me enviam ou enviaram tal tipo de mensagens. Quero apenas poupar-lhes o trabalho de mas mandarem, poiss terão destino desagradável.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Limites para a felicidade

As crianças e os adolescentes têm que ter limites a observar em sua formação e educação, sob pena de fracassarem na vida. Disciplina faz parte da verdadeira formação moral e física. Também os adultos, que andam sempre à procura da felicidade ideal, nunca chegarão a felicidade alguma, se não colocaram limite a sua ânsia de possuir mais e mais. Não existe uma felicidade ideal e suprema. A verdadeira felicidade é composta das pequenas boss e belas coisas da vida corriqueira. Só que nós geralmente não sabemos vê-las e curtí-las como belas e boas e atuais. No máximo as consideramos como passos para aquela felicidade soberana que nunca chegará, a não ser na vida eterna feliz e merecida.
Costumo apontar como exemplo a vida de um morador qualquer de Capitólio. Ao casar-se, ele sonha com a posse de sua casa própria. Então vai economizar, trabalhar com afinco e deixar o lazer para segundo plano. Seu limite é sua casa. Quando a possuir, estará feliz por completo. Cinco ou mais anos de apertos e economias lhe proporcionam finalmente a casa própria. Mas aí o limite vai para mais adiante. Falta ainda o carro próprio, que todos os vizinhos e amigos possuem. Então vão mais cinco anos ou mais de vida dura, até que chega o carro tão almejado. Agora chegou a felicidade. Mas falta ainda um rancho à beira da água. Mais alguns cinco anos de economias e ela não chega. Ainda falta a lancha, pois não se pode conceber um rencho à beira da represa, sem a posse de uma lancha. Pois então vamos economizar mais. Aí já se foram vinte anos ou mais, os apertos continuam, a economia continua, a felicidade não chega. Quando virá então a bendita felicidade. Já podia ter vindo. Aliás, nunca chegará. Ela sempre existiu nas pequeninas coisas belas e boas do dia a dia, que não enxergamos e às quais não damos valor. Podemos chegar ao fim da vida sempre insatisfeitos, cheios de bens materiais que não nos tornam felizes nem alegres. Vegetamos a vida inteira e não curtimos a felicidade. É isto aí, meus amigos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

cURIOSIDADE DE BLOGUEIRO

Ando muito satisfeito com a quantidade de visualizações de meu despretensioso blog. Em vários países de nosso planeta tenho sido acessado. Fico muito grato a tanto interesse por meu blog. Entretanto, gostaria muito de conhecê-los de alguma maneira. Um elo de alguma empatia ou simpatia sempre é estabelecido entre o blogueiro e seus seguidores. Então estou esperando contato, especialmente com os amigos que vivem fora do Brasil. Prometo não divulgar seus nomes, se não o quiserem. Entrem em contato comigo pelo meu e-mail:\pesilvabarros@hotmail.com
Muitos abraços e mil agradecimentos de João da Silva Barros, de Capitólio, Minas Gerais, Brasil.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Meu amigo Zé Orlando

Meu amigo Zé Orlando

Pe. José Orlando se tornou meu grande amigo. Quando veio assumir a paróquia de Capitólio, um padre da diocese o aconselhou a tomar cuidado com um padre casado, ex-pároco local e elemento perigoso. Só que o novo padre se tornou grande amigo do tal elemento perigoso, seguindo-lhe os passos e se casando. Daí estes versos que resolvi fazer, brincando com os acontecimentos.


Amizade mais profunda
Que eu ando sempre esnobando,
Posso dizer, sem errar:
É a minha com Zé Orlando.

Ao vir para Capitólio,
Para a paróquia reger,
Um conselho, vejam só,
Não deixou de receber.

O seu novato rebanho
É um povo piedoso
Mas ali existe um "cara"
Que é muito perigoso.

Como padre, já provou
O rumo de sua escola.
Proibiu - que desalmado -
Doar aso pobres esmola.

Se esse padre abandonou
A sqaia preta da fé,
Só tinha que ser, é claro,
Por saia de uma "muié".

A tal vigário foi dado
O apelido de Pê.
É o P de seus defeitos:
De perdição e pecado.

Zé Orlando, Sem querer
O bom conselho abraçar,
A Capitólio chegando,
Foi logo me procurar.

Em vez de, homem prudente,
Do perigo se afastar,
Nomeou o "perigoso"
Seu maiaor auxiliar.

Ministros da Eucaristia
E dos noivos formação,
Entregou essas tarefas
Todinhas em minha mão.

Para cúmulo supremo
Do caminho que seguia,
Nomeou-me, vejam só,
Ministro da Eucaristia.

Como amigos que se prezam
Se procuram imitar,
Zé Orlando não demorou
Deixar tudo e se casar.

Buscou uma professora,
Para melhor copiar.
Mulher igual à do Pê
Eu quero p'ra me casar.

Provando que o tal conselho
Só deu efeito contrário,
O amigo acompanhou
Até no maior calvário.

Se, operando o coração,
Meu amigo vence a morte,
Vou seguir meu amigão,
Quero ter a mesma sorte.

Agora o conselheiro
Deve estar na eternidade,
Enquanto nós desfrutamos
Da maior felicidade.

sábado, 14 de maio de 2011

Minha Despedida do "Quebra Milho"

Em agosto de 2009, no Caraça, vi, pela última vez, depois de muitos anos, meu querido contemporâneo ali mesmo e em Petrópolis. O Dario Nunes sempre foi uma pessoa especial. Quando cheguei ao Caraça, ele já estava no quarto ano e era bem mais velho que eu. Era respeitado e querido por todos. Forte, alegre, bem humorado e serviçal, não havia quem não gostasse do Dario. Além do apelido de "Quebra Milho", recebeu outro em Petrópolis, depois de uma noite de Páscoa, incomodada por uma cachorrada barulhenta. Dali lhe veio o apelido novo de "Nequinha Capador". Meus companheiros sabem muito bem a razão do engraçado e bem colocado apelido.
Em agosto de 2009 Dario foi comemorar no Caraça seus oitenta anos de idade. Padre casado e muito bem casado, lá estava com a esposa, sempre sorridente e amigo. Missa comemorativa seria celebrada por dois ou três colegas seus de ordenação. Sugeri que o Dario concelebrasse a Ceia Eucarística e até ousei dizer que ele devia ser o presidente da celebração. Ou será que o "Tu es sacerdos in aeternum" do dia da ordenação só valeria quando fosse do interesse da instituição? Infelizmente minha idéia passou batida e o Dario assistiu à celebração sentadinho próximo ao altar com a esposa, conformado e humilde, como sempre foi. Não me conformei com aquilo, mas o Dario não ficou sabendo de minha intromissão no caso. Hoje espero que ele me agradeça lá de cima meu empenho em seu favor e faça por mim uma prece junto ao Pai.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Aniversário Dobrado

Nos dias 7 e 8 de maio comemorei, em dobro, meu aniversário. Era mesmo necessário fazê-lo, pois, no ano passsado, eu estava completamente nocauteado no dia 8, devido a um incidente do coração,depois de minha feliz operação. No dia 7 a turma de Tapiraí, meus antigos paroquianos e amigos de sempre, prepararam para mim bela festa, com direito a discurso, presente, cartão autografado pelos circunstantes e bolo de aniversário. Mais de vinte amigos compareceram, sem falar no querido Noé, que só pode participar meio de longe, devido a umcontratempo de saúde.
Sou muito agradecido a todos, em especial ao casal anfitrião, cuja residência virou o quartel-general da turma de Tapiraí.
O mais gratificante, porém, considero o fato de eu, merecendo ou não, ter-me tornado o pivô ou, na pior das hipóteses, a desculpa para a agregação de um grupo razoável de pessoas. Quase que por acaso continuo o trabalho que tentei em Tapiraí, um trabalho de união, de congraçamento e de solidariedade entre as pessoas. Se realmente eu estiver realizando esta aproximação e fraternidade de um grupo cada vez maior, fico muito feliz por estar cumprindo minha missão de profeta do cristianismo verdadeiro e autêntico.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Fé e Religião

Desde muito tempo me convenci de que fé e religião são coisas muito distintas, que fé cristã viva ou Cristianismo são uma coisa e religião é outra. Aproveitando-me das palavras do Pastor Rene Kivitz, a religião está baseada em ritos, dogmas, credos, tabus e códigos morais de cada religião. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e de cada uma das tradições de fé. Quando se começa a discutir quem vai para o céu ou para o inferno, se Deus é a favor ou contra o homossexualismo, se se deve pagar o dízimo para chegar a Deus, se o correto é a encarnação ou a ressurreição, se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, se uma instituição é espírita, católica ou evangélica, você está discutindo religião. E quando se discute religião, as pessoas se afastam umas das outras e se promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lados os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Javé, de outro os de Jesus Cristo. Sem falar nos adoradores de Shiva, de Buda e por aí afora.
Verdadeira fé viva e espiritualidade se dá, quando você concentra sua atenção e ação na reconciliação, no perdão, na misericórdia, enfim, no AMOR. Aí você está no horizonte da espiritualidade e não no da religião. Aí você promove a justiça e a paz.
E não é isto a boa nova que Jesus deixou para a humanidade em sua pregação, retratada pelos quatro evangelhos?

terça-feira, 19 de abril de 2011

Relacionamento com os sistemas e suas pessoas

Continuando com as palavras de Deus, no que chamo aqui de meu quinto Evangelho, cito o que ele diz, para que possamos viver bem, em meio às instituições que não são de seu agrado:"As instituições, as ideologias e todos os esforços vãos e inúteis da humanidade estão em toda parte e é impossível deixar de interagir com tudo isso. Mas eu posso dar-lhe liberdade cada vez maior de estar dentro ou fora de todos os tipos de sistemas e de se mover livremente entre eles. Juntos, você e eu podemos estar dentro do sistema e não fazer parte dele.
Você comete um erro,julgando as pessoas que parecem fazer parte do sistema. Devemos encontrar modos de amar e servir aos que estão dentro do sistema. Lembre-se de que as pessoas que me conhecem são aquelas que estão livres para viver e amar sem qualquer compromisso. Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores, americanos e iraquianos, judeus e palestinos. Não tenho desejo de torná-los cristãos mas quero juntar-me a eles em seu processo de se transformarem em filhos e filhas do Pai, em irmãos e irmãs, em meus amados".

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Palavras do Quinto Evangelho

O livro mais lido na atualidade, "A Cabana", tocou-me profundamente e suas idéias bateram muito bem com meus pensamentos a respeito de Deus. Em forma de ficção, o autor põe nos lábios de Deus palavras de profunda reflexão teológica e dá ao Novo Testamento uma interpretação tremendamente divina e cheia de amor. Vejamos, para começo, o que diz Deus ao personagem principal do livro, a respeito das instituições humanas: "Por mais bem intencionada que seja, a máquina religiosa é capaz de engolir as pessoas. Uma quantidade enorme de coisas que são feitas em meu nome não tem nada a ver comigo. Frequentemente são até contrárias a meus propósitos. Eu não crio instituições. Nunca criei, nunca criarei. O casamento não é uma instituição. É um relacionamento. Criar instituições é uma ocupação dos que querem brincar de Deus. Não gosto muito de religiões e também não gosto de política nem de economia. É a trindade de terrores, criada pelo ser humano, que assola a terra e engana aqueles de quem eu gosto. Quantos tormentos e ansiedades relacionados a uma dessas três coisas as pessoas enfrentam. Religião, política e economia são ferramentas terríveis que muitos usam para sustentar suas ilusões de segurança e controle. As pessoas têm medo da incerteza, do futuro. Essas instituições, estruturas e ideologias são um esforço inútil de criar algum sentimento de certeza e de segurança onde nada disso existe. É tudo falso. Os sistemas não podem oferecer segurança, so eu posso".

sábado, 2 de abril de 2011

A Ceia Eucarística

Para mim, o ponto máximo de toda a pregação de Jesus foi a ceia com seus companheiros e companheiras, na quinta-feira. Infelizmente, ainda a meu ver,a maioria dos líderes cristãos nunca atinarama bastante para o grande significado e simbolismo da ceia e sobretudo das palavras essenciais: "Fazei isto em memória de mim". Foi o testamento final, antes de sua morte, que ele sabia que ia acontecer no dia seguinte.
O "em memória de mim" não significa apenas uma lembrança do passado, uma recordação de algo que se foi e não voltará mais. Em memória de Jesus, ainda segundo meu modo de pensar, aurido dos Evangelhos, em memória de mim quer dizer: para seguir meus passos, para cumprir minha mensagem, para ser realmente discípulo meu, vivente do amor que sempre preguei. Então, para ser realmente discípulos do Mestre é preciso viver sempre, realizar aquilo que ele acabava de fazer, como símbolo e imagem da realidade que ele queria que realizássemos. E o que ele pedia que fizéssemos para ser seus seguidores? O que ele acabara de fazer e que queria que fizéssemos é que repartíssemos com todos os demais tudo o que somos, assim como ele acabara de repartir o pão e o vinho, símbolos de todo alimento material e espiritual.
Consequentemente, a celebração eucarísitca deveria ser o símbolo do amor de Cristo repartido para com toda a humanidade, como também símbolo de toda a nossa partilha com o próximo. Para ser autêntica e eficaz, a celebração da Eucaristia tem que lembrar-nos a partilha que deve ser a razão de toda a nossa vida e de todo o nosso ser. E celebrar a Eucaristia só pode ter sentido para aqueles que realmente vivem repartindo, ou melhor, se repatindo. Celebra-se ou se comemora aquilo que aconteceu ou que foi feito. Eucaristia significa o bem realizado, a partilha, o amar ao próximo como a si mesmo. Será que o Cristianismo tem sido fiel à autêntica compreensão do texto evangélico aqui mencionado?

sábado, 26 de março de 2011

O Grande Significado do Lava-pés

No livro mais lido na atualidade, "A Cabana", encontramos palavras do próprio Deus Pai, em que que o mesmo fala exatamente sobre o significado do Lava-pés. Embora Deus, Jesus não faz questão e nem dá valor à famigerada autoridade. Para ele, quem quer ser o maior,tem que servir aos demais. Então vamos às belas palavras colocadas nos lábios do Pai pelo autor: "Não existe conceito de autoridade superior entre nós. Apemas de unidade. Est'amos em um círculo de relacionamento e não em uma cadeia de comando. Não precisamos exercer poder um sobre o outro, porque sempre estamos procurando o melhor.A hierarquia não faria sentido wntre nós. Isso é um problema de vocês, não nosso. Os humanos estão tão perdidos e estragados que, para vocês,é quase incompreensível que as pessoas possam trabalhar ou viver juntas, sem que alguém esteja no comando. Esse é um dos motivos pelos quais é tão difícil para vocês experimentar o verdadeiro relacionamento. Assim que montam uma hierarquia, vocês precisam de regras para protegê-la e administrá-la e então precisam de leis e da aplicação das leis e acabam criando algum tipo de cadeia de comando que destroi o relacionamento, em vez de promovê-lo. Raramente vocês vivem o relacionamento fora do poder. Vocês acabam perdendo a maravilha do relacionamento que nós pretendemos para vocês. A autoridade é meramente a desculpa que o forte usa, para fazer com que os outros se sujeitem ao que ele quer. Se realmente vocês tivessem aprendido a considerar que as preocupações dos outros têm tanto valor quanto as suas, não haveria necessidade de hierarquia".
Eis aí a primeira lição da Santa Ceia. Hierarquia e autoridade não passam de criações humanas, que não teriam sentido algum para os seguidores dos caminhos traçados pelo Criador. Onde o amor é a norma de tudo, não há necessidade de leis e de autoridades. E agora, José?
.

sábado, 19 de março de 2011

O Ápice da Semana Santa

O ponto supremo, o ápice,a apoteose da Semana Santa, é, sem dúvida,a meu ver e entender, a Quinta-feira Santa e, dentro dela, a Santa Ceia ou Celebração Eucarística. Não há dúvida de que a Sexta-feira Santa nos comove e envolve mais, devido à morte terrível de Jesus. Aquele dia marcou a prova suprema do que Jesus acabara de pregar, como sendo sua mansagem e a Boa Nova que trazia para um mundo afastado de Deus e mergulhado no egoismo. Com sua morte, Jesus selou, com o maior dos testemunhos, o testamento que legara, na véspera, a todos os que quisessem seguí-lo e participar de sua convivência eterna.
Duas partes compõem a Santa Ceia ou banquete eucarístico. A primeira é o Lava-pés, cujo significado essencial não foi simplesmente um ato de humildade, porém muito mais do que isto: Foi um ato simbólico de que quem ama serve, quem ama não manda, quem ama não exerce autoridade. A segunda parte, a mais importante de todas, o cerne da mensagem de Cristo, foi a partilha do pão e do vinho, o sinal e símbolo supremo de toda a mensagem e novidade que Cristo veio trazer, que é a partilha, a convivência, a fraternidade, o AMOR.
Sobre esses dois pontos falaremos separadamente, pois merecem profunda reflexão e aprofundamento.

domingo, 13 de março de 2011

Sacrifício e Cristianismo

Pelo que aprendi através do Evangelho e de grandes teólogos do Cristianismo,tanto a palavra sacrifício como o ato sacrifical tomaram conotação muito diversa do sentido desejado por Deus e pelo Cristo. Para começar, sacrifício não quer dizer necessariamente dor ou sofrimento.Antes quer dizer: tornar sagrada uma ação, uma oferta. Já desde os filhos de Adão, ofertar um sacrifício consistia em oferecer ou consagrar a Deus aquilo de melhor que se possuía. Abel ofereceu o melhor de seu rebanho, enquanto Caim, o melhor de seus frutos da terra.
Se observarmos bem, oferecer o que se tem de melhor já encerra a essência da Boa Nova ou Evqangelho que o proprio Jesus veio trazer, milhares de anos depois: a partilha e o desapego dos bens materiais. Quem dá o que tem de melhor demonstra desapego aos bens materiais, ao mesmo tempo em que reparte com os outros aquilo que possui. É de se notar que, em geral,a oferta de animais ou de outros alimentos era repartida com os que participavam das oferendas sagradas.
Transpondo agora para o tempo da Quaresma o que acima afirmamos, é claro que, como cristãos autênticos, nada melhor a fazer, como preparação para a Páscoa, do que realizar oferendas de nossos bens materiais ede nossas qualidades e talentos, repartindo com o próximo e visitando especialmente os mais necessitados e carentes, que têm mais a receber de nós do que a dar.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A Verdadeira Quaresma

Quaresma vem do número quarenta e indica o tempo de quarenta dias, destinado à preparação para os grandes acontecimentos cristãos da Páscoa e dos precedentes seus, como a paixão e a morte de Jesus. Conforme a corrente muito antiga de cristianismo, baseada no maniqueismo, o importante era sacrificar o corpo e a matéria, considerados maus, em oposição ao espírito e a suas manifestações, considerados , só eles, emanados de Deus. Destruir o corpo e elevar o espírito era o ideal cristão de santidade e perfeição.
Felizmente as coisas vão mudando e os mais esclarecidos estão conscientes de que o verdadeiro sacrifício, que cheira bem e exala perfume ante Deus, é o amor, a caridade, a prática do bem, da solidariedade e da partilha junto sobretudo aos mais carentes e necessitados.
Se repararmos bem, o sacrifício físico é egoista, atinge apenas a nós mesmos e nada faz de concreto em favor de nosso irmão. Se deixarmos de lado a preocupação doentia do cumprimento do jejum e da abstinência e nos apegarmos a visitar pelo menos um irmão mais desvalido a cada dia, é claro que estaremos aperfeiçoando nosso amor, aprendendo cada dia a partilhar e seguindo, com fidelidade, o caminho, a verdade e a vida que Jesus nos indicou.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Carnaval

Poucas pessoas sabem que o Carnaval tem origem cristã.Etimologicamente a palavra carnaval vem de "caro", palavra latina que significa carne, e de "vale", que quer dizer adeus. "Caro, vale!" então queria dizer: Adeus, carne. Como, durante toda a quaresma, os cristãos primitivos se abstinham inteiramente de carne, então introduziram o costume de, antes da quarta-feira de cinzas,dar uma despedida festiva ao uso da carne, divertindo-se sadia e alegremente.
Com o correr dos tempos tudo mudou completamente. Hoje o carnaval parece ter perdido todo o seu sentido original, tendo-se transformado quase em verdadeira bacanal, onde tudo é permitido, a libertinagem anda solta, a droga e a bebida campeiam. Em alguns poucos lugares, como em minha terra Bonfim, sobra ainda um bom espaço de tempo para o tradicional carnaval a cavalo e para o divertido Zé Pereira. Hoje em dia o carnaval não passa de mera continuação da ruidosa poluição sonora que invade todos os ambientes. Ruído substituiu o som e mau gosta tomou o lugar da música. Gosto muito de Caitólio mas prefiro, neste carnaval, curtir minha nova netinha em BH e rever o belo carnaval a cavalo de Bonfim. Vou curtir, em vez de vegetar.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sobre e-mails

Cerca de dois anos para cá, resolvi dar uma guinada em meus hábitos e aderir ao uso do computador. Acabei me convencendo de que hoje, quem não adere ao mundo virtual acaba por se tornar verdadeiro analfabeto. Eu já estava cansado de ouvir amigos e conhecidos a pedirem meu e-mail, sem que eu ao menos tivesse idéia do que poderia significar tão estranha palavra. Enfim aderi e não me arrependo. As vantagens são imensas. Estou sempre ao par dos últimos acontecimentos, converso a qualquer hora com os amigos, faço negócios e jogo buraco o dia inteiro. O maior incinveniente que tenho vislumbrando é nos e-mails. E-mails são uma faca de dois gumes. Neles encontro coisas lindas e valiosas. Muitos de meus programas na rádio são tirados dos e-mails cheios de ensinamentos, mensagens e esclarecimentos. Os e-mails me fazem muito refletir. Por outro lado, o número de abobrinhas enviadas é incontável. Piadas preconceituosas, pornográficas e grosseiras, bem como as famosas correntes, que ameaçam você, caso não prossiga em seu curso, faço até questão de interromper. Chantagem sentimental ou outras mais não têm valor. Tirando isto, tudo bem. Vamos aderir ao mundo virtual e melhorar nossos conhecimentos, nossas relações humanas e nosso meio de nos comunicar com amigos e com desconhecidos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Três nomes tenho eu

Parece-me coisa rara o fato de uma pessoa possuir três nomes, o que, aliás, acontece comigo. Depois de ordenado sacerdote, recebi o nome oficial de Padre Silva. Silva, porém, é sobrenome, uma vez que meu nome de batismo e de registro no cartório é João. Passei por seis lugares e meu nome foi sempre o mesmo: Pe. Silva. Depois de pouco tempo em Capitólio, graças a uma brincadeira de alguns sobrinhos meus, pegou o nome de Pê, que não passa da abreviação da palavra padre. Em minha terra natal e entre meus parentes mais antigos, continuo sendo conhecido como João.
O mais interessante de tudo isto é que meus três nomes funcionam ao mesmo tempo, dependendo do lugar em que residem ou em que me conheceram meus interlocutores. Moradores de Assis, Lutécia, Florínea e redondezas, bem como pessoas de Bambuí ou de Tapiraí só me chmam de Pe. Silva. Se me chamarem de Pê ou de João, eu não atendo, por não entender que se trata de mim. Se um capitolino me chamar de João ou de Padre Silva, também não compreendo que falam comigo. E assim por diante. A conclusão que tiro é que o nome da gente depende dos outros e não de nós mesmos. Soa bem na boca das pessoas aquele nome de que elas gostam ou que elas escolheram para nós. Agora, se me perguntarem de que nome eu gosto mais, digo que gosto de todos, contanto que estejam nos lábios certos. João ou Pê na boca de um amigo de Lutécia me deixaria sem jeito e até desapontado. Quando me chamam de Pe. Silva, tal nome soa a meus ouvidos como verdadeira melodia, suave como as rosas. Coisas da vida. E se me chamarem de Boi Sonso? Aí o apelido dado por minha mãe só soa bem na boca de meus irmãos Jair, Martha e Beatriz.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Viagem da Saudade 6

Ao começar a última etapa da narração da viagem da saudade, posso dizer que já começo a sentir também saudade da narração, que me faz reviver aqueles momentos mais do que felizes, junto aos amigos de cinquenta anos passados. Mas tenho que terminar, falando de Presidente Prudente, aonde fomos no penúltimo dia de nossa alegre estadia em lugares plenos de recordação.
Beirando cinco da tarde, chegamos à cidade de Prudente, convidados pelo Antônio Garrio Campioni, meu ex-aluno do seminário de Assis, nos anos de 1962 a 1966. Antes, porém, fomos intimados a visitar a simpática Rosinha, aquela menininha de dois a três anos, meu modelo infantil no seminário, de quem tirei muitas fotos, em várias posições. A recepção foi a mais calorosa e amiga, com beijos, abraços, choros e sorrisos. Foi verdadeiro show de emoções, alegrias e recordações. Um lanche verdadeiramente principesco nos foi servido, regado a lembranças do passado e a passagem a limpo do presente. Sinal de nossa amizade conservada era a foto da Rosinha, bonequinha de tenros anos, no meio do painel de retratos que embelezavam a parede principal de sua sala de visitas. Só espero que não acabem nunca mais nossos encontros de amizade, dos quais o daquele dia foi prelúdio. E ainda tive o prazer de bater um papinho gostoso com a bondosa Dona Sâmea, mãe amorosa da Rosinha. A toda a família meus maiores agradecimentos, codmo também da Neiva, que se sentiu em casa.
Como último ato de nossa viagem, chegamos finalmente à casa do Garrio. Outra surpresa emocionante, ao abraçar o dedicado aluno de outrora, estudioso e talentoso.
Ali estava também o Medeiros, outro ex-aluno de Assis, com quem tive o prazer de privar de agradável e frutuoso papo. A esposa do Garrio, a filha e outros parentes e amigos se esmeraram no desejo de tornar aquela noite mais alegre e feliz. O churrasco e as guloseimas foram especiais. Fechamos com chave de ouro aquela viagem da saudade, que ainda curto até hoje, minuto a minuto, deixando no mais profundo da alma e do coração um lugarzinho reservado para cada uma das pessoas que tanto nos amam e engrandecem.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Viagem da saudade 5

No dia 27 de janeiro chegamos a Lutécia, à tarde. Dona Terezinha e a Lúcia regressaram para Assis, depois de nos entregarem aos cuidados da Lucília, minha antiga conhecida, cujo marido, Jurandir Fiori, já falecido, foi prefeito de Lutécia por três vezes. Descansamos tranquilamente no apartamento confortável daquela residência, que nos foi cedido com muita cordialidade. Aqui fica nosso agradecimento a Dona Lucília. No dia seguinte, a convite, fomos almoçar na casa do Gélsio Paulo de Carvalho. Este ocupa lugar importante em meu coração e em minha história. Era ele que me levava, todo fim de semana, para exercer o trabalho pastoral e sacerdotal na paróquia de Nossa Senhora da Boa Esperança, em Lutécia. Custava-me muito esperar a chegada do amigo Gélsio, com seu jipinho 51. Na noite seguinte, um sábado, dormimos na casa do velho amigo, o que me proporcionou a oportunidade de matar muitas saudades e recordar fatos inolvidáveis de nossos tempos de cinquenta anos atrás. Parecíamos estar sonhando. Como já disse, de vez em quando nos flagrávamos silenciosos, olhando um para o outro,sorridentes e falando mais com os olhos e com o coração.Amgios são coisas para se guardarem.
Já no dia seguinte, um sábado, nosso lauto almoço foi na residência dos Guizilin, outros amigos do passado. Seis ou sete filhas lá estavam, boa parte com com seus maridos. Almoçamos principescamente e fizemos muitas referências a Dona Lili e ao senhor José Guizilin, verdadeiros pais para mim em Lutécia.
Outros amigos encontrei, como o Arnaldo, O Zé Barquilha e esposa Hermínia, a Inês do Gélsio, mas especialmente a Dona Hermínia, viúva do saudoso Zezinho Augusto, tão bem cuidada pelas adoráveis filhas Maria Hermínia e Lúcia. Encantados ficamos com a beleza da casa, entregue aos cuidados de tão dedicadas filhas. Somente hoje acabei de devorar o gostoso queijo que fabricaram e com que nos brindaram. Muito grato a vocês, menininhas de outrora, minhas cruzadinhas lindas de morrer.
A Lutécia e a todos os seus moradores nossa gratiddão. Gostei de ver o grande progresso experimentado nos anos que se passaram desde minha saída. Tudo mudou mas o povo continuou o mesmo, cheio de amor, gratidão e carinho.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Viagem da Saudade 4

28 e 29 de janeiro foram os dias da realização de meu grande sonho de rever Lutécia e meus queridos amigos lá deixados. Há mais de quarenta anos que venho sonhando frequentemente com Lutécia. Sonho que era verdadeiro pesadelo, pois eu me via como recém-chegado à cidade, sendo porém rejeitado pela população e mesmo escorraçado do local, devido a minha condição de padre casado. Entretanto, o malfadado pesadelo nunca me preocupou e nem me afastou da vontade de voltar às origens de meu gostoso trabalho junto ao povo, como padre vicentino.
Lá fomos nós, a Neiva e eu,sempre ladeados pelos dois anjos da guarda que foram a razão de nossa ida àquelas lonjuras do interior de São Paulo. Refiro-me, mais uma vez,à Dona Terezinha e a sua filha Lúcia. Tudo eram recordações. Relembrei meu anseio da chegada do Gélsio, que vinha no sábado à tarde, a fim de conduzir-me a Lutécia. Eu me postava por horas e horas na sacada do seminário, tentando vislumbrar, lá em cima, o jeep 51, que me levaria ao trabalho pastoral com minhas queridas ovelhas. A estrada, hoje asfaltada, era toda de areião, através da qual o jeep ia dançando. De vez em quando era até necessária a presença de um trator, que arrastava os carros atolados na areia. Chegado à casa paroquial, eu tomava meu banho primitivo, por meio de uma lata de vinte litros cheia de água, que era levantada por uma roldana. Um chuveiro soldado ao fundo externo da lata soltava a água fria que era verdadeiro lenitivo, após a calorenta viagem.
Durante um ano e meio, do começo de 1962 até meados de 1963, fui o pároco de Lutécia, embora totalmente verde e imaturo naquela atividade. Creio até que meu apego e minha saudade daquele lugar tão simples e pequeno vem do fato de ali ter nascido minha primeira experiência com o povo, minha facilidade de falar e me comunicar e minha naturalidade em conviver como um igual, no meio de todos os paroquianos.
Quanto a minha visita da saudade, esta fica para a próxima vez, para não me alongar demais e tornar-me enjoativo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Viagem da Saudade 3

De Assis me mandei para Florínea com minha esposa Neiva, sempre levado pela anfitriã Lúcia e por sua mãe Terezinha. Quando ainda trabalhava no Seminário de Assis, como diretor espiritual, passei a atender àquela paróquia, aonde eu ia no sábado e voltava no domingo. Dom Lázaro me apresentou à comunidade. O lugar,vizinho do Paraná, era muito pobre,sujo,cheio de casas de madeira e com população muito reduzida,talvez de três mil pessoas. Não havia calçamento de espécie alguma e a terra roxa impregnava tudo. No tempo da chuva era horrível.A lama roxa agarrava-se aos sapatos e encardia tudo, até nossa própria pele. Entretanto eu me dediquei, trabalhei bastante, ganhei a confiança e o amor da comunidade. Ali trabalhei nos anos de 63, 64 e 65.
Hoje está tudo muitíssimo melhor. Tudo asfaltado, casas boas e bonitas, administração municipal bem organizada.Entretanto meus maiores amigos e conhecidos morreram ou se mudaram. Só tive notícias do Toninho Barreiros e de sua esposa Laura, casal que morava na zona rural e que me levava de carrinho pelas estradas barrentas, a fim de celebrar a missa na fazenda de seu pai. Encontrei o velho Toninho com mais de noventa anos, quase inválido de tudo, sem poder sair de casa. Sua esposa nos recebeu calorosamente, mas disse que, se ela não me reconhecera, o Toninho é que nem ia desconfiar que eu era o Pe. Silva. Pois o querido amigo logo me reconheceu e, embora surdo e recebendo por escrito nossas falas, permaneceu sorrindo o tempo todo, sorvendo com o coração minhas palavras de amizade. Só aquela visita valeu a ida a Florínea. O Toninho e a Dona Laura se grudaram mais ainda do que antes em meu coração agradecido.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Viagem da Saudade 2

Importante para mim em Assis foi visitar o antigo Seminário São José, cujo imponente prédio serve hoje para os departamentos diversos da Cúria Diocesana. Recebi licença para andar à vontade, recordando meu passado de padre recém-ordenado, inteiramente inexperiente. Estive aos pés da bela imagem de Nossa Senhora das Graças e me lembrei dos peixinhos coloridos e alegres que viviam no tanque ali outrora existente. Acabou-se o tanque e os peixes sumiram. Imagem forte do fim do seminário, cujo prédio não possui mais a água do saber e da presença dos padres. Então sumiram também os seminaristas que davam vida ao estabelecimento. Lembrei-me do teatro a que presidi, de meu quarto de disciolinário, do quarto depois meu, de diretor espiritual, bem como do cubículo debaixo da escada, que servia de laboratório para meus serviços fotográficos, como fotógrafo oficial do seminário. Passei pela catedral, pela Santa Casa, onde celebrei missas e atendi à confissão das irmâs de caridade. Revi, de passagem, o Colégio Santa Maria, onde celebrava uma vez por semana e atendia frequentemente às confissões das belas e tentadoras alunas, sempre um perigo para minha pureza que heroicamente conservei até meu casamento. Pena foi que não me encontrei com Monsehor Floriano, tão amigo e companheiro. Tudo, porém, foi muito bem e compensador. Faltava agora uma ida, ainda que rápida a minha antiga paróquia de Florínea, que deixei em fins de 1965.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Viagem da Saudade

Finalmente reaizei um sonho antigo, de muitos anos. Eu desejava percorrer todos os lugares por onde passei em minha vida. Queria revivê-los, curti-los, sorvê-los até à última gota. A Bonfim, onde nasci, irei mais na frente, depois de descobrir um fato muito importante para começar essa história. O maior sonho, porém, era o de visitar Assis, Florínea, Lutécia e arredores. Minha maior saudade, porém, era de Lutécia. Quando falar especialmente de minha volta àquela cidade, irei comentar os motivos que me parecem causar tanta saudade.
O pretexto providencial para realizar minha viagem da saudade foi a comemoração dos oitenta anos de minha querida amiga Terezinha Gonçalves, que conheciem 1962, quando Dom Lázaro Neves, bispo de Assis, me pediu para atender àquela paróquia. Eu era disciplinário dos seminaristas do seminário diocesano de Assis, bem como professor também. Para lá eu me dirigia no sábado à tarde, lá dormia e regressava no domingo à tarde.
Nesta viagem, cheguei a Assis no dia 26 à noite e me estabeleci na residência da Lúcia, filha de Dona Terezinha Gonçalves. Foi surpreendente para mim o carinho com que me receberam mãe e filha, sem falar no esposo e nos filhos da Lúcia, que não passava de uma menininha de uns dois anos, quando a conheci em Lutécia. Depois de se mudarem para Assis, foram morar em frente a nosso seminário e nossa amizade continuou cada vez mais firme. Fui tratado regiamente e cortejado com todas as mordomias que podiam proporcianar a mim e à Neiva.
Em Assis fui ao seminário, percorri cada pedaço do estabelecimento, recordando tudo o que ali vivi com muito amor e dedicação. Fui Para Assis, minha primeira colocação como padre novo, e lá fiquei até ao final do ano de l965. Fui professor, disciplinário e, finalmente, diretor espiritual. Belos e saudosos tempos.
Resumindo, recordei minha vida na cidade, gostei muito, fui levado aonde queria, pela Lúcia e por Dona TErezinha, e fiquei realizado. Quase cinquenta anos se tinham passado desde minha áída. Mas valeu a pena e estou realizado.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Epopeia de um Rancho (XXXI)

Finalmente termina a realização de um grande sonho, tornado realidade feliz para todos. Resta agora um grande agradecimento ao Criador, que tanta coragem nos deu.


28, 29, 30, 1º e 2 DE DEZEMBRO DE 2007

Em mais um fim de semana,
Do Tatu chegou a vez,
Marceneiro magistral
Que belo trabalho fez.

Assentou todas as portas,
Acabamento perfeito.
Montou todas as escadas,
Da varanda o parapeito.

Genário chegou na quinta,
Para a energia ligar.
Começou logo o serviço,
Para o rancho iluminar.

5, 6, 7 e 8 DE DEZEMBRO DE 2007

Jamais se viu neste rancho
Tamanho engarrafamento
Oficiais se trombando,
Em tumulto barulhento.


Pintores pintam paredes,
Tatu termina as escadas.
Genário monta caixinhas,
Vai colocando as tomadas.

Os vidraceiros trabalham,
Mostrando muita destreza.
Montam portas transparentes,
Para se ver a represa.

Querendo participar
Eu também do mutirão,
Na entrada fiz a rampa
E da grama a plantação.

9 DE DEZEMBRO DE 2007

Bem cedo, neste domingo,
Uma só coisa se faz.
O Rafael ao fogão
Liga o botijão de gás.


10 DE DEZEMBRO DE 2007

Enquanto o Genário lida
Em grande concentração,
Vou terminando a limpesa
Em torno da construção.

12, 13 e 14 DE DEZEMBRO DE 2007

Dia treze de dezembro.
Deste rancho tão sonhado
O final feliz das obras
Será sempre celebrado.

Enquanto se construía,
Com garra e muito ideal,
Parecia puro sonho
A nossa meta final.

O que hoje virou sonho
Foi a luta, foi a idéia,
Que permitiram surgir
Esta singela epopéia.

F I M

Epopeia de um Rancho (XXX)

Duas coisas mais importantes nestas etapas: Plantação da grama e comemoração do nascimento da Clarinha

19, 20 e 21 DE OUTUBRO DE 2007

Terminei a minha grama
E na do Quinca ajudei.
Quase tudo que plantou
Foi a sobra que lhe dei.

De todos nós, cada dia
Realizando um desejo,
Tiãozinho já começou
Da cozinha o azulejo.

23 DE OUTUBRO DE 2007

Depois do almoço o Felipe
Ao rancho fomos levar.
Escada e grades medindo,
Para nós irá montar.

26, 27 e 28 DE OUTUBRO DE 2007

Outra grande novidade,
Montada pelo Tiãozinho,
Foi o balcão da cozinha,
Que vai servir de barzinho.

30 e 31 DE OUTUBRO DE 2007

Eis a pia na cozinha,
Eis seu piso cimentado.
Picapau já faz entrega
Do serviço no telhado.

14 DE NOVEMBRO DE 2007

Depois de muita alegria
Durante grande intervalo,
Pensávamos encontra
A obra com novo embalo.

A grande felicidade
Foi por conta da festinha
Do nascimento feliz
De nossa neta Clarinha.

Mas a grande decepção
De nossa obra surgiu,
Que, a passo de caranguejo,
Do lugar pouco saiu.


21, 22, 23, 24 e 25 DE NOVEMBRO DE 2007

Colocou-se, nesta etapa,
Da cozinha o janelão,
Enquanto, em mais três varandas,
Findava a cimentação.

Em dois anos de trabalho,
Com certeza envelheci
Mas para outro grande sonho
Certamente renasci.

Servente aqui, nunca mais
Mas na eternidade imerso,
Serei servente, com gosto,
Do Arquiteto do Universo.

Os balaustres e portas
Aqui chegam afinal.
Também as tintas que ao rancho
Darão novo visual.

Epopeia de um Rancho (XXIX)

Trabalhei muit0, ajudado pela Neiva, nos acabamentos exteriores do rancho


31, 1º e 2 DE SETEMBRO DE 2007

A escada toda de pedras
Do planejado gramado
Resolvi executar,
Pela Neivinha ajudado.

P’ra nós dois, na construção
Da mureta do porão,
Chegou a ajuda singela
Do Augusto da Daniela.

4, 5 e 6 DE SETEMBRO DE 2007

Desta feita a novidade,
Com especial sabor,
Foi o começo do piso
No quarto superior.

12, 13, 14 e 15 DE SETEMBRO DE 2007

Até que enfim no porão
O desaterro acabei.
Deitado, agachado, em pé,
De joelhos trabalhei.

19, 20, 21 e 22 DE SETEMBRO DE 2007

Servente bom que se preze,
Na limpeza é o maior.
Eis por que geral faxina
Em fiz em todo o arredor.

Uma vez mais com a Neiva
Alcançamos um final:
Do arrimo de proteção
Do passeio lateral.

Ainda nesta semana
O passeio concluí,
O mesmo a que, logo acima,
Há pouco me referi.


26, 27 e 28 DE SETEMBRO DE 2007

Sozinho nestes três dias,
Finalizei a calçada
Que fica em torno do rancho,
Faltando só a entrada.

3, 4, 5 e 6 DE OUTUBRO DE 2007

Do porão a parte alta
Neste tempo concretei.
Ali, quatrocentas telhas
Com a Neiva eu guardei.

Com Tiãozinho prosseguimos
Na lenta rebocação.
No banheiro, de azulejos
Começa a colocação.

17 DE OUTUBRO DE 2007

Trabalhando com afinco,
Penando em sol escaldante,
Miltinho e eu, em dez horas,
Fizemos obra importante.

Na formação do gramado,
Miltinho a terra esparrama;
Enquanto eu, com cuidado,
Coloco as placas de grama.

Foi do bom Deus grande bênção
Em meio à grande estiagem,
A chuva que logo veio,
Parecendo até miragem.

Epopeia de um Rancho (XXVIII)

O mais importante destes dias foi o avanço no serviço de madeira


26 e 27 DE JULHO DE 2007

Mais cento e cinqüenta telhas
O Domingos vem trazendo.
Não cobrando, a este amigo
Tal mimo fico devendo.

A descarregar as telhas
O Domingos ajudou.
Com Rute e Ester na limpeza
Nossa obra inda contou.

O serviço de madeira
Recebe já grande avanço
Que às varandas já promete
Serem lugar de descanso.

3 e 4 DE AGOSTO DE 2007

Ajudados pelo Lucas,
Cimentamos logo os pisos
Dos quartos e dos banheiros,
Mas novidade encontramos.

Depois de grande catimba
E de muito desagrado,
Nosso sonhado padrão
Finalmente foi ligado.

O cimento da varanda
Encontra-se pronto agora.
Coberta também deixamos
A varanda lá de fora.


8, 9, 10 e 11 DE Agosto de 2007

Duas imensas vitórias
Cantamos nesta semana.
O rancho se viu coberto
E nós já comemoramos.

A madeira das varandas
Também chegou ao final,
Provando que o Picapau
Em madeira é oficial.

Carol e Lucas, no sábado,
Com Paula e Neiva chegaram.
Com belo almoço, as vitórias
Do dia comemoraram.

17, 18 e 19 DE AGOSTO DE 2007

Das portas lá da cozinha
Terminou a chumbação,
Provocando em todos nós
Mais uma satisfação.

Furando que nem tatu,
Eu já dei por começado
Do porão o desaterro
Que cavei até deitado.

22, 23, 24, 25 e 26 DE AGOSTO DE 2007

A rebocação do teto
E a massa fina dos quartos
Finalmente começaram,
Como dois custosos partos.

Deitado, agachado, em pé,
Continuo no porão,
Cavando e tirando a terra,
Que nem o bicho furão.

Viagens da Saudade

Há muito tempo que venho acalentando a ideia de realizar um circuito de viagens, constituído pela passagem por todos os lugares em que morei e em que trabalhei durante toda a minha vida. Finalmente estou na véspera de partir para a primeira jornada. Estarei em Assis, onde se localiza o Seminário Diocesano São José, para o qual fui designado em minha primeira colocação como padre recém-ordenado. Em Assis morei durante quatro anos, tendo sido professor, disciplinário e diretor espiritual de adolescentes e jovens seminaristas menores. Nos finais de semana, dada a falta de padres nas paróquias, atendi às comunidades de Lutécia e de Florínea, duas pequenas cidades onde deixei muitos amigos. Quero voltar às origens de meus trabalhos, procurar os velhos amigos, relembrar o passado e apertar ainda mais os laços de amizades que não podem morrer. Quarenta e cinco anos me separam daquelas paragens e minha ansiedade é muito grande. Os anos se passaram mas o amor não morre nunca. Espero relatar aqui o resultado de minhas andanças e tenho certeza que vou narrar coisas muito belas e enternecedoras. Esperem-me, que voltarei quente e fervendo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Epopeia de um Rancho (XXVII)

Picapau vem ajudar na rebocação, no momento em que chega a madeira dos portais.

14, 15 e 16 DE JUNHO DE 2007

Em dois dias destes três,
Sem o pedreiro fiquei.
Aproveitei, fiz limpeza,
Cinco massas preparei.

20, 21, 22, 23 e 24 DE JUNHO DE 2007

Dois dias fiquei sozinho,
Depois a Neiva chegou.
Trabalhando todo o dia,
O atraso o Tião tirou.

Da escada do andar de baixo
O concreto terminamos.
Os muros do parapeito
Da varanda levantamos.

Isto tudo, sem falar
No feitio do padrão,
De capital importância,
Na choupana ou na mansão.

4, 5, 6 e 7 DE JULHO DE 2007

Para rebocar por fora,
Para as telhas embocar,
O pedreiro Picapau
Tivemos que contratar.

Enquanto alguns se esmeram
Na rebocação de fora,
Por dentro, eu e Tião
Nos dedicamos agora.



11, 12, 13, 14 e 15 DE JULHO DE 2007

O Ricardo e o Gavião,
No reboque contratado
Fazem trabalho excelente,
Com capricho e com cuidado.

Filho do Nego Herculano,
O servente Gavião,
Em toda folga que tem
Me dá uma grande demão.

Dia treze chega ao rancho,
Hà sete meses comprada,
Madeira de qualidade,
Ao Magela encomendada.

18, 19, 20, 21 e 22 DEJULHO DE 2007

Começa novo serviço
Que acrescenta um toque a mais.
Nos quartos e nos banheiros,
O assento dos portais.

O filho do Picapau,
Com nove anos de idade,
Ajudando a tirar terra,
Mostrou solidariedade.

Epopeia de um Rancho (XXVI)

Em meio ao acabamento, tem início a plantação de murta e pingo-de-ouro.


18 e 19 DE ABRIL DE 2007

Em cada um destes dias
Fui para o rancho sozinho.
Levei o Joel do Grilo
E o Alberico, seu vizinho.

Pelos dois sendo ajudados,
Dando duro trabalhamos.
Nas duas lajes de cima
O telhado colocamos.

3 DE MAIO DE 2007

Desta vez quebrei a cara,
Pois o Tião veio a faltar.
Somente no dia nove
Voltaria a trabalhar.

9, 10, 11, 12 e 13 DE MAIO DE 2007

Quinta-feira, dia dez,
É de se comemorar.
A água para o local
Acaba de se ligar.

Dia doze foi a vez
De valetas eu furar,
Onde bela cerca viva
De murtas ia brotar.

16 DE MAIO DE 2007

Em todo o rancho por dentro
O chapisco terminamos.
Quarenta mudas de murta
Nas valetas nós plantamos.



17, 18, 19 e 20 DE MAIO DE 2007

Cada fase se destaca
Do rancho na construção.
Desta feita teve início
A interna rebocação.

Quem planta para o futuro
Boa safra sempre logra.
Foi assim que plantei mudas
Preparadas pela sogra.

Vinte e dois pingos de ouro
Sá Lilia preparou.
Aos dezessete, porém,
Foi seu genro que plantou.

Na divisa dos dois ranchos,
Cerca viva verde-ouro
Estreita nossa amizade,
Que vale mais que um tesouro.

24 DE MAIO DE 2007

Prossegue a rebocação,
Seguindo o ritmo normal,
Enquanto chega um carreto,
Trazendo cimento e cal.

31, 1º e 2 DE JUNHO DE 2007

Tanto a Neiva quanto eu,
No futuro já pensando,
Viçosa muda de ipê
Ao solo fomos lançando.

Isto foi dia primeiro,
Inesquecível no ano,
Pois a muda foi presente
De nosso amigo Baiano.

Epopeia de um Rancho (XXV)

Fato importante agora foi a ligação da rede de água à nova construção.


11 DE ABRIL DE 2007

Mais uma vez eu sozinho,
Mais uma vez a memória
Não se lembrou da comida,
Segunda vez nesta história.

Não sendo bobo de hoje,
No Tião cheguei a prosa,
O que valeu degustar
Da Zilda a bóia gostosa.

Na parte de água e luz
Fizemos boa arrancada.
Nos quartos de cima o Tião
Começou a chapiscada.

12 DE ABRIL DE 2007

Serviço caro o de hoje,
Para as telhas preservar.
A resina receberam,
Para o branco conservar.

14 e 15 DE ABRIL DE 2007

Memorável e dramático
Foi este fim de semana
Mas a glória desta história
Este fato não empana.

O dramático do caso
Está ligado à procura
Do encanamento de água,
Tarefa aliás bem dura.

Depois de muito suor,
Eu finalmente encontrei
O cano d’água da rua,
Que, na pancada, furei.



Para o alto água esguichou,
Mandando a maior pressão.
Minha cara de surpresa
Do pavor era a expressão.

No corre-corre geral,
A Neiva, toda apressada,
Para a cidade correu,
P’ra corrigir a mancada.

A peça tão necessária
Em Capitólio comprou.
O Tiãozinho, prestativo,
Com precisão emendou.

No domingo, bem cedinho,
Completando a trapalhada,
Acabei por encenar
Uma “vídeo-soquetada”.

Socando a terra da vala,
Acertei de novo o cano.
O Quinca, com maestria,
Foi quem sanou este dano.

Quinca e eu, neste domingo,
Ficamos estropiados,
Porém cheios de alegria,
Estando à rede ligados.

Epopeia de um Rancho (XXIV)

Pedreiro Tiãozinho toma a frente do acabamento, enquanto o amigo Gastão traz mobília usada em BH.


28, 1, 2 e 3 DE MARÇO DE 2007

Com nova etapa do rancho,
Tião agora é o pedreiro,
Enquanto eu, seu servente,
Tento ser bom companheiro.

Da Neiva finda a missão
De ser pedreira valente.
Sempre, porém sua ajuda
Dará ocasionalmente.

Tião, no quarto de despejo,
Começa a rebocação
E já recorta paredes,
Em vista da fiação.

14, 15, 16 e 17 DE MARÇO DE 2007

No quarto dos picuíbas
Chega a seu final agora
O serviço de reboque,
Por dentro como por fora.

Também fundimos a laje
Da fossa recém-furada.
Embora feita nas pedras,
Ficou bastante adequada.

24 e 25 DE MARÇO DE 2006

O Geraldo que, também,
O selador aplicou,
Do quarto dos picuíbas
Janela e porta pintou.

Aproveitei estes dias
E logo entrei em ação,
Fazendo boa limpeza
Ao redor da construção.



28, 29, 30, 31 e 1º DE ABRIL DE 2006

Nesta importante semana
Muita coisa aconteceu.
Para minha coleção
Novo amigo apareceu.

Na terça se colocaram
Os vidros dos picuíbas.
Das obras do piso prontas
Na quarta e quinta ficaram.

Já na sexta ali chegava
Esperado caminhão,
Tendo como motorista
O novo amigo Gastão.

Ao conhecer o local
- E não estava de porre –
Exclamou, cheio de pasmo:
Neste lugar não se morre.

Trazia de BH
Os móveis e os utensílios
Que foram do apartamento
Em que moravam meus filhos.

Chegam sábado as telhas
- Para mim grande prazer -
Que o Quinca, eu e o Tiãozinho
Ajudamos a descer.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Finalmente um regresso

Finalmente criei coragem,depois de longa hibernação. Para dizer a verdade, grande preguiça se apoderou de mim, não me permitindo continuar com meus papos no blog. Agora, depois que minha querida filha Paula deu uma grande arrancada na "Epopeia do Rancho", julgo-me na obrigação moral de continuar minhas conversas. Além do mais, descobri que muita gente tem acessado meu blog, o que me anima bastante. Então esperem por mim. Quero ver se nãopasso muitos dias sem dar uma palavra a meus queridos amigos. Vou fazer uma viagem da saudade, recordar coisas de quarenta e cinco anos passados e depois volto.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Epopeia de um Rancho (XXIII)

Chegamos à última lage, com ajuda preciosa do Geraldo do Marão e do pedreiro Tiãozinho.


21 DE JANEIRO DE 2007

O mesmo grupo de ontem,
Mais uma vez com o Quinca,
Mostrou que com esta turma
Em serviço não se brinca.

23 e 24 DE JANEIRO DE 2007

Neiva, Lucas e eu chegamos,
Cada um de nós mais eufórico,
Pois iríamos findar
Trabalho bastante histórico.

Tratava-se do remate,
Após ano de labor,
Das paredes desta obra,
Brotada de muito amor.

A parede sob a escada
Eu e Lucas desmanchamos,
Para alegria da Neiva,
Seu gosto realizamos.

14 DE FEVEREIRO DE 2007

Depois desta longa pausa
Pelas chuvas provocada,
Carregamos o entulho
Da parede desmanchada.

Ainda junto com Lucas,
Sempre grande companheiro,
Terminamos, finalmente,
Duas vigas do banheiro.

22 DE FEVEREIRO DE 2007

Neiva e eu, Nascer do sol,
Concluímos, já no teto,
Da caixa d’água e lajotas
O respaldo de concreto.


23, 24 e 25 DE FEVEREIRO DE 2007

Foi memorável evento,
Que ficará na memória,
Fundir a última laje,
Como marco nesta história.

Mão de obra toda grátis,
Teve ajudas variadas.
Além de Paulo e Paulinho,
Quinca e Zé, favas contadas.

Não pode ser esquecido
O Geraldo do Marão.
Quis também colaborar,
Mostrando seu coração.

Com ele trouxe mais cinco,
Grupo que foi contratado
Por companheiros que tinham
De um curso participado.

Relembro o Curso de Bíblia,
De que muito aproveitaram.
A prova foi o serviço
Que a seu professor doaram.

A nosso amigo Tiãozinho
Menção honrosa sobrou.
Sendo o pedreiro da obra,
Sua ajuda não cobrou.

Epopeia de um Rancho (XXII)

Com a ajuda de vários agregados, continuou o trabalho, inclusive com a colocação da caixa d`água.


31 DE DEZEMBRO DE 2006

Para a laje do banheiro,
Mutirão selecionado.
Na espera do Réveillon,
O grupo foi animado.

Quinca e Zezé, como sempre,
Neste dia inda ajudaram.
Poliana e Júlio César
Para trás não se deixaram.

2 DE JANEIRO DE 2007

Somente depois do almoço
De Capitólio partimos.
Embora pouco o trabalho,
Felicidade sentimos.

Neiva, eu, Gustavo e Poli,
Com Paulo do Tio Dolor,
Na construção de paredes
Colocamos muito amor.


3, 4 e 5 DE JANEIRO DE 2007

Foram agora três dias
De chuvas quase constantes
Mas o trabalho seguiu
Para a frente como dantes.

10 DE JANEIRO DE 2007

Neiva, Paula, Rute e Ester
À luta foram comigo.
Sem falar em meu cunhado,
Desta obra grande amigo.

Ao Neylson me refiro
Que, de andaimes na montagem,
Mostrou seu grande talento,
P’ra nós de grande vantagem.

12 DE JANEIRO DE 2007

Nas paredes trabalhamos,
Usando energia tal,
Que fizesse a última laje
Chegar ao ponto final.

Para mostrar que agregado
Desta família não pára,
Enfrentou nossas ferragens
O Augusto da Jussara.


13 DE JANEIRO DE 2007

Neste sábado, sozinho,
Com o Quinca eu almocei.
Levamos a caixa d’água
E lá em cima limpei.

20 DE JANEIRO DE 2007

Depois de longa semana
Por chuvas fortes marcada,
A nossa obra voltamos,
Para mais uma arrancada.

Com Paula, Neiva e comigo
Gu, Ester e Rute estavam.
Sem se fazer de rogados,
Todos juntos trabalhavam.

Epopeia de um Rancho (XXI)

Após grande chuvarada, trabalhou toda a família, ainda com a ajuda do Ganso e do Zé Bete.


30, 1, 2 e 3 DE DEZEMBRO DE 2006

No sábado, dia dois,
Foi casamento do Edgar.
Conseguimos lá chegar
E voltar a trabalhar.

Janela e porta do quarto
Foi Tiãozinho que assentou.
O chumbamento, porém,
Por nossa conta ficou.

O quarto de que falamos
É de despejo chamado.
Mas seria, no futuro,
De Picuíbas chamado.

27 DE DEZEMBRO DE 2006

Enfim voltamos à luta,
Depois de longa parada
Que foi, sem nosso querer,
Pelas chuvas provocada.

Com Lucas, Gustavo e netas,
Pela manhã trabalhamos.
Mas, com os ranchos lotados,
No mesmo dia voltamos.

28 DE DEZEMBRO DE 2006

A mesma turma de ontem
De novo veio e voltou.
Trabalhou ate à noite
E só às oito parou.

A meta de dois pilares
Foi dada por alcançada
E de um dos quartos de cima
A viga foi respaldada.



29 DE DEZEMBRO DE 2006

Como sempre, a mesma turma
Neste dia se repete.
Cimento, vigas, lajotas
Recebem com mais um frete.

Não somente receberam,
Como ainda trabalharam.
Nas vigas e nos pilares
Nova tarefa tiraram.

O Júlio César da Cynthia
Quis entrar na construção.
Com ferragens fabricou
Estribos para a armação.

30 DE DEZEMBRO DE 2006

Chegam Paula e Poliana,
Para esta turma aumentar.
Para as vigas do banheiro
Vão todos a trabalhar.

Zé Bete e Ganso na história
Entraram com decisão.
Da laje lá do banheiro
Adiantaram a armação.

Só que Lucas e eu, sozinhos,
Sofremos com a masseira.
Já o Ganso, Gu e Zé Bete
Caíram na bebedeira.

Epopeia de um Rancho (XX)

Depois de continuar os trabalhos com a ajuda de toda a família, ainda celebramos, com apetitosa galinhada, o aniversário da Rute.



9, 10 e 11 DE NOVEMBRO DE 2006

Finalmente, da despensa
O contrapiso fizemos,
Com o Quinca e com o Zezé,
Cuja ajuda sempre temos.

Ainda junto com a Neiva,
Constantemente animada,
Nas paredes lá do alto
Demos mais uma arrancada.

17 DE NOVEMBRO DE 2006

Faltando somente o Nélio,
Dos filhos de Sá Lilia,
Inda deu p’ra trabalhar
Em tão boa companhia.

Quinca e eu colaboramos
Para a areia bem sequinha
Descarregar do carreto
Trazido pelo Tinguinha.

Enfim, os quartos de baixo
Eu, com animação,
Para receber o piso,
Acabei a socação.



18 DE NOVEMBRO DE 2006

Chegou ainda mais gente,
Além da turma da Ilha,
Gustavo, Lucas e netas,
Complementando a família.

Mais um mutirão que a dupla,
Zezé e Quinca comanda,
Vai bater o contrapiso
Dos quartos e da varanda.

Após tão duro serviço,
Um programa mais hilário:
Celebrar, com galinhada,
Da Rutinha o aniversário.

19 DE NOVEMBRO DE 2006

Para fundir mais pilares,
Três armações preparamos.
Em caseiro mutirão,
A ferragem amarramos.

23, 24 e 25 DE NOVEMBRO DE 2006

Estando agora sozinhos,
Depois de tanta euforia,
Em paredes e ferragens
Gastamos grande energia.

Como a solidariedade
Faz parte do bom cristão,
A rebocar sua casa
Ainda ajudei o Tião.

27 DE NOVEMBRO DE 2006

Em brava segunda-feira,
Três ferragens preparamos,
Enchemos alguns pilares
E paredes levantamos.