quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Trilha do Irmão Miguel

No encalço de uma trilha que nos levasse à famosa Serra do Caraça e ao santuário que nos abrigou e nos modelou o caráter nos anos de nossa adolescência, caminhamos sessenta quilômetros em dois dias, desde Rio Acima até ao Santuário do Caraça.
.

Aventureiros, impetuosos, idealistas, corajosos, precursores, pioneiros e até mesmo imprudentes, desmiolados e malucos. Tais adjetivos nos foram certamenre aplicados por pessoas diferentes, de acordo com suas maneiras diversas de pensar. O certo, porém, é que chegamos lá. O mais complicado da trilha já foi estudado e percorrido por nosso variado grupo de participantes.

Tudo foi muito lindo e gratificante. Natureza exuberante, paisagens de beleza extraordinária, subidas de tirar o fôlego e ladeiras escorregadias, tudo aconteceu. O melhor de tudo, porém, a meu ver, foi o contato humano que tal caminhada nos proporcionou, a começar pela fraternal união que a nós sete nos ligou, como se fôramos irmãos que sempre tinhamos vivido sob o mesmo teto. Em apenas dois dias de estreita convivência, os ideais, as dificuldades, as peripécias e o ambiente familiar criaram um vínculo tão estreito entre nós, que até hoje não podemos recordar aqueles dias sem sentir imensa saudade e nostalgia.
.

Em Palmital, em tosco restaurante desgarrado no topo da serra, foi extraordinária a acolhida a nós proporcionada pelo "Bira", um mulato grande e corpulento, a quem brindamos, pelo aniversário, com um animado "Parabéns pra você", ao som de meu querido acordeon.

Em Vigário da Vara, sem falar nos aposentos cedidos pelo fazendeiro Webster, na Fazenda Folha Larga, foi emocionante o jantar oferecido pelo "Zé Maria", em sua morada simples de trabalhador na lavoura e no serviço do gado. Em sua cozinha típica mineira, em volta do fogão a lenha, comemos, cantamos, oramos e dançamos. A tia do "Zé Maria", uma simpática anciã nonagenária, chegou até a dançar com desenvoltura uma valsa, ao som da Saudade de Matão, que toquei com muito gosto.
.

Em tais contatos, como no encontro cheio de saudade, na velha casinha da Fazenda do Capivari, com o querido Irmão Miguel - que deu seu nome à trilha e que nos guiou até ao Caraça - à beira das cristalinas águas do Campo de Fora, tive a felicidade de travar um papo cheio de profunda reflexão espiritual e cristã. Pude então admirar ainda mais aquele religioso cheio de amor e de amizade.
.

Enquanto forças eu tiver, repetirei a bela experiência e já estou ansioso para que chegue rápido o dia da próxima Trilha do Irmão Miguel.
.