quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Carta de Advertência ao Papa

Muita gente brasileira ainda não se deu conta da grande crise por que passa a Igreja Católica, certamente a maior de toda a sua história. Prova disto é uma carta enviada ao Papa por um padre egípcio, da qual retiro a maior parte, no sentido de mostrar a verdade que ronda perigosamente a barca de Pedro. O Pe. Henri Boulard é um jesuíta de 78 anos, reitor do colégio dos jesuítas no Cairo, professor de teologia e ex-superior regional dos jesuítas no Egito. Já visitou cerca de 50 países de quatro continentes e conhece profundamente a hierarquia católica do Egito e da Europa, tendo publicado cerca de 30 livros em 15 idiomas. Sua carta, dirigida pessoalmente ao Papa Bento XVI, circula nos meios eclesiais de todo o mundo. Eis o teor da carta:
"Atrevo-me a dirigir-me diretamente a vós, pois meu coração sangra, ao ver o abismo em que se está precipitando nossa Igreja.
Em primeiro lugar, algumas constatações:
1 - A prática religiosa diminui constantemente. As igrejas são frequentadas por pessoas cada vez mais idosas, que vão desaparecer em prazo bastante curto;
2 - Os seminários e os noviciados se esvaziam cada dia e as vocações desaparecem a ritmo assustador;
3 -Muitos padres deixam o exercício sacerdotal e o pequeno número dos que vão ficando é obrigado a assumir o encargo de várias paróquias;
4 - A linguagem da Igreja é anacrônica, aborrecedodra, repetitiva, moralizadora e completamente inadaptada para nossa época;
5 - É urgente uma renovação profunda da teologia e da catequese. Temos que constatar que nossa fé é demasiado cerebral, abstrata, dogmática, falando bem pouco ao corpo e ao coração;
6 - A consequência é que grande parte dos cristãos foi bater à porta das religiões aisáticas, das seitas, da "Nova Era", do espiritismo e das igreja evangélicas;
7 - As imposições sobre o casamento, a contracepção, o aborto, a eutanásia, a homossexualidade, o casamento dos padres e os divorciados recasados não interessam mais a quase ninguém e provocam cansaço e indiferença;
8 - A Igreja, que foi a grande educadora da Europa, se esquece de que aquele continente se tornou adulto e intelectualmente maduro;
9 - As nações que foram as mais católicas deram uma guinada de 180 graus, caindo no ateismo, no anticlericalismo e na indiferença;
10 - O diálogo com as outras igrejas e religiões tem recuado.
Perante tais constatações, a reação da Igreja tem sido uma das duas seguintes:
- Ou considera sem importância a gravidade da situação e se consola com certos fervores e conquistas no campo mais tradicionalista e nos países do terceiro mundo;
- Ou invoca a confiança no Senhor, que a socorreu durante 20 séculos e que vai ajudá-la também nesta crise.
Ao que eu respondo da seguinte maneira:
- A vitalidade aparente nos países do terceiro mundo é enganosa. Mais cedo ou mais tarde tais países terão as mesmas crises;
- A modernidade é incontornável e foi por ter esquecido isto que a Igreja passa por esta crise;
- É pouo o tempo que nos resta. A história não fica à nossa espera;
- Toda empresa que constata prejuízos convoca peritos e mobiliza todas as suas energias para uma transformação radical;
- E a Igreja? Vai continuar dominada pela preguiça, pela covardia, pelo medo, por um quietismo culpável, convencida de que Deus vai resolver tudo?
A Igreja precisa de três reformas urgentes: De sua teologia e de sua catequese; De sua pastoral cheia de estruturas herdadas do passado; De sua espiritualidade, pois a Igreja é formalista demais, deixando-nos a impressão de que a instituição abafa seu carisma, sendo mais importante sua estabilidade exterior.
Para terminar, eu gostaria que houvesse em toda a Igreja um sínodo geral, com a paqrticipação de todos os cristãos, católicos e não católicos, com a duração de três anos e que tiraria suas conclusões em uma assembléia geral."

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