segunda-feira, 23 de abril de 2012

Confraternização e Eucaristia

     Em minhas meditações sobre a última Ceia de Jesus com seus amigos, na chamada Quinta-feira Santa, entrei a pensar na razão de o Mestre ter  escolhido justamente uma ceia ou confraternização, para transmitir seu testamento ou sua mensagem de amor.
     Como a mensagem de Cristo para este mundo era o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo, nada melhor do que uma refeição de confraternização. Mas, por que justamente uma refeição, em vez de outro lugar, outra circunstância, outra ocasião? É aqui que entra a conclusão a que cheguei, mercê de minha acurada observação. Sendo Jesus, além de Deus, o mais perfeito e completo ser humano, ele houve por bem escolher também a mais perfeita e mais completa das confraternizações, ao redor de uma mesa de iguarias, o lugar ideal, onde, além da amizade e da fraternidade, se realizam totalmente todos os prazeres humanos dos sentidos. Na realidade, à mesa se curtem o sabor e o aroma dos alimentos bem preparados, se enxergam os parceiros e amigos convidados e queridos, se ouvem e se trocam palavras agradáveis e se tocam os comensais, através dos cumprimentos, dos beijos e abraços. Nada mais perfeito para se expandir o amor humano e para significar e simbolizar a suprema mensagem do amor e da fraternidade.
     De tudo que acabo de dizer surgiu minha talvez estranha conclusão, que parece contrária a um adágio popular muito difundido entre cristãos mas que não me parece abranger toda a profundidade da mensagem evangélica: a família que toma refeições unida, permanece unida. Sobre esta minha afirmativa ainda quero  escrever mais pongamente em outra ocasião.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Virada dos Judeus de Ramos

                    Causa-me espanto a virada repentina dos judeus que organizaram a entrada triunfal de Jesus na cidade santa. Depois de o ovacionarem entusiasticamente no domingo, poucos dias depois, na sexta-feira, os mesmos pediam a condenação de Jesus, forçando Pilatos a o sentenciar à pior das mortes, a crucifixão. Fico imaginando a tristeza e decepção do Cristo, ao contemplar aqueles pobres coitados, por ele curados e saciados no deserto, pedindo com alarde sua condenação. Como explicar tamanha mudança, de uma hora para outra?
     Para falar a verdade, não creio que aquela multidão devesse carregar a culpa por tamanha injustiça e ingratidão. O povo daquele tempo tinha pouca diferença das multidões de hoje. Naquele tempo como hoje, o poder tinha o condão de modelar as consciências e de levar as multidões para onde bem quisessem. Outrora como hoje, o poder econômico, o poder político e o poder religioso eram já os três tentáculos do terrível polvo que só pensa em  dominar, em locupletar-se de dinheiro e em manipular as consciências do povo crédulo e inoscente. O povo não foi culpado, Pilatos não foi culpado. Embora nada entendesse de todo aquele reboliço, Pilatos só sabia que Jesus era inocente, era homem de bem e só pregava o amor a Deus e ao próximo. Tanto é verdade que sua consciência o fez lavar as mãos em público e dizer-se inocente da condenação de Jesus. Quem então fez a multidão mudar de lado e  pedir a condenação do enviado de Deus?  Para ser sincero comigo mesmo, afirmo que acredito no perdão e na salvação eterna dos responsáveis pela condenação de Cristo, mas, para mim, foram os donos do templo, os representantes maiores do Povo de Deus que, levados pela fascinação do poder religioso e temerosos de serem desalojados por Jesus, fizeram verdadeira e rápida lavagem cerebral na multidão. E a multidão, por demais religiosa e temente aos donos do templo e da "verdade", não trepidou em exigir do procurador romano a crucifixão de Jesus.

domingo, 1 de abril de 2012

Domingo de Ramos

     Neste domingo chamado de Ramos se relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Foi realmente triunfal, pois foi realizada por uma grande multidão de judeus que acreditavam que aquele homem era o Messias, embora nunca lhes tivesse passado pela mente a mínima ideia de que ele era o próprio Verbo de Deus. Fico imaginando o entusiasmo daquela multidão, carregando ramos de palmeira e ovacionando quem curara enfermos, dera vista a cegos, ressuscitara mortos e multiplicara pães para milhares de pessoas. Jesus também, por um lado, devia estar satisfeito com a gratidão e reconhecimento de seus conterrâneos, embora, por outro lado, estivesse pensando, com tristeza, na mudança de atitude daqueles mesmos que, na sexta-feira, haveriam de pedir sua morte, depois de trocá-lo pelo pior dos facínoras, chamado Barrabás. Como poderia aquele pobre povo mudar de pensamento, rejeitar o homem que provara ser o Messias prometido, trocá-lo por um terrível assassino e pedir sua condenação ao pior dos suplícios, que era a crucifixão? Isto é o que haveremos de considerar em próxima conversa, que merece grande atenção e muita reflexão.