segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Alguém já Chorou Minha Morte

Depois de mais de um ano distante de Capitólio, morando perto de Pirapora com a filha, voltou a nossa terra uma amiga negra, bastante deficiente em seu físico, devido a um acidente sofrido por aquelas bandas, antes de se mandar para Capitólio.
Tentei reensiná-la a escrever e a ler, mas não foi possível, pois o acidente físico teve também efeitos no cérebro, prejudicando a capacidade de aprendizagem. Ali, por-rém, nasceu uma amizade muito grande, daquelas que só podem fundar-se no amor verdadeiro, sem interesses financeiros, atrativos físicos ou esperança de recompensas de qualquer espécie. Dona Maria Pirapora, como comecei a chamá-la, tornou-se verdadeira mãe carinhosa para mim. Parece que ela também me considera um pai, embora eu não mereça tão grande honra.
Pois bem. Depois de voltar para Capitólio, fui visitar a grande amiga, agora morando não muito longe de mim.E a grande surpresa. Ela me confidenciou ter chorado muito minha morte, a ela comunicada talvez por brincadeira. E eu fiquei foi muito feliz. Se há coisa que temo acontecer é minha morte ser saudada com alegria e alívio pelos meus desafetos. Um grande consolo, porém, já posso ter. Creio que até nem preciso mais morrer, pois já fui velado lindamente, com lágrimas de sincera amizade e certamente com preces que me darão forças para conseguir mais amigos e amigas neste mundo de meu Deus. Assim seja!

domingo, 14 de agosto de 2011

segunda lição de um júri

Voltando ao júri do dia 12 de outubro, do qual participei como jurado, revelo mais uma reflexão que me veio à mente, durante o transcurso do acontecimento. Fiquei imaginando o tamanho da diferença entre o tratamento dado aos pequenos criminosos e o que é dado aos grandes assassinos, aos ladrões oficiais do dinheiro do povo, ocasionando a morte de muitos inocentes, com o desvio de verbas destinadas à alimentação e à educação dos mais necessitados. Observando a seriedade dos atores de um júri popular do interior, a capacidade e clareza de um juiz plenamente cônscio de seus deveres para com a sociedade, o respeito e o empenho dos responsáveis pela defesa e pela acusação do réu,bem como o interesse dos ouvintes e estagiários de Direito, culminando com uma sentença à altura dos crimes cometidos, fiquei triste, ao pensar na impunidade dos responsáveis pelos grandes crimes de lesa-pátria, acobertados, desculpados e, quem sabe, até aprovados por parte da sociedade. Por outro lado, embora meu coração doesse pela condenação do réu, tive o consolo de constatar, com otimismo, que é no grande interior, nas pequenas comarcas e nos julgamentos promovidos pelos autênticos brasileiros, que surgem os espelhos em que deviam mirar-se os maiores responsáveis pelo bem de nossa pátria. Devagar se vai ao longe e tomara que milhares de pequenas células como essa se multipliquem e abram os olhos dos que se consideram responsáveis pelo país.

sábado, 13 de agosto de 2011

Lições de um Júri

Vou interromper desta vez a descrição de "Meu Mundo", para comentar algumas reflexões que me afloraram à mente,enquanto eu participava, como jurado, do julgamento de um pobre homem, assassino pela segunda vez e ainda acusado de lesão corporal grave. Ficamos bem de frente para o réu, o que me permitiu fixar bem na mente a imagem cabisbaixa e triste do acusado. Para mim, aquele era um ser humano como qualquer outro, merecedor do respeito de todos e especialmente de nós, os responsáveis pela sua condenação ou absolvição. Eu já tinha colocado tudo nas mãos de Deus, mesmo antes de meu sorteio para o corpo de jurados de sete pessoas. Fiquei pensando que em Deus não há justiça, mas somente amor. A justiça não passa de uma invenção humana, para punir os descalabros do pecado e prevenir coisas piores. Teria eu a obrigação e o direito de julgar um ser humano? Cheguei à conclusão de que o fato de pertencer a uma comunidade inteligente e de ter que zelar pela sua integridade, tinha também o dever de ajudar a punir e julgar os que se tornassem perigosos para a sociedade. Dei meu veredicto, mas não deixei, em todo momento de julgamento, de lamentar a situação do réu e pedir a Deus por ele. Pelo menos, ao me despedir, não deixei de cumprimentar o condenado e de lhe dar alguma palavra de alento. Coisa triste,mas que me levou a outras reflexões, sobre as quais provavelmente falarei em ocasião oportuna.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Meu mundo e velórios

Passei por vários velórios nos últimos dias e tive a oportunidade de fazer boa reflexão sobre este acontecimento tão comum em nossa sociedade. Para dizer a verdade, sinto-me muito constrangido em comparecer a velórios. A quem cumprimentar?Que palavras dizer? Onde se colocar? Que assuntos puxar e com quem? Ou seria melhor ficar calado?
A meu ver, em vez do burburinho das conversas impróprias e generalizadas, penso que seria um momento mis do que propício para uma homenagem última à pessoa falecida. Seria a hora de lembrar os bons momentos, as benfeitorias, as histórias, os feitos, as atividades da pessoa que se despede deste mundo. Cada velório deveria ser adaptado às características do falecido.Dois velórios me marcaram bastante. Um foi de meu irmão Edson, pessoa muito alegre e divertida, com passagens verdadeiramente cômicas. Então passamos a noite a seu lado, relembrando tudo de engraçado que aconteceu em sua vida, rindo com ele e até lhe agradecendo os momentos alegres que nos tinha proporcionado desde a infância.
Outro velório interessante foi do "Macumba", assistido de nossa Conferência de São GEraldo, que apreciava como nunca dançara ao som de ama sanfona ou de um acordeon. Varamos a noite cantado e tocando, como ele gostava.
No velório de minha sogra, tocamos e cantamos o "Luar do Sertão", a pedido dela mesma, enquanto vivia. Foi emocionante a música e ela parecia sorrir, ouvindo a música de sua predileção.
Em resumo, cada velório deveria ser um velório diferente, adaptado às características da pessoa falecida.