domingo, 22 de novembro de 2009

SANTO TECE ELOGIOS À DANÇA

Sempre tive grande desejo de dançar. Como padre, não podia realizar minha grande vontade, uma vez que a dança, quando não era pecado, pelo menos era considerada ocasião grave e próxima do mesmo. Somente depois de meu casamento comecei a tentar alguns passos de dança de salão mas de maneira muito simples e sem técnica alguma. Finalmente, há poucos meses atrás, tivemos a felicidade de encontrar uma professora, que vem de Piumhi, com o intuito de ministrar-nos aulas de dança de salão.
Não é que, através da mesma professora, cheguei ao conhecimento de um texto do grande Santo Agostinho (354-430), em que ele exalta a dança e seus grandes benefícios? Vejam só: "Eu louvo a dança, pois ela liberta o ser humano do peso das coisas. Ela liga a pessoa solitária à comunidade. Eu louvo a dança, que promove a saúde, a mente esclarecida e o espírito elevado. Dança é a transformação do espaço, do tempo e do ser humano, que está constantemente em risco de se fragmentar, tornando-se somente cérebro, vontade ou sofrimento. A dança, pelo contrário, pede o homem inteiro, ancorado em seu centro. Pede aquele ser liberado da cobiça e do abandono de si próprio. A dança exige o homem liberto e equilibrado por inteiro. Eu louvo a dança! Ser humano, aprenda a dançar! Senão os anjos do céu não saberão o que fazer de você."

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Epopeia de um rancho (XIII)

Depois de respaldada a cinta de concreto do andar de baixo, um fato curioso e divertido se deu, demonstrando a dureza da função de um servente de pedreira.

5 DE JULHO DE 2006

De novo fui e voltei,
Preparei sete masseiras.
Na colocação de blocos,
Curtidas, ficam maneiras.

Na tentativa de ser
Servente tipo ideal,
Inda dei, em toda a obra,
Uma limpeza geral.

6, 7 e 8 DE JULHO DE 2006

Estando toda a família,
Somente o Gustavo ausente,
Para nosso andar de baixo
Deixamos mais um presente.

Armações finalizadas,
Partimos direto e reto,
Para entregar, respaldada,
Toda a cinta de concreto.


12 DE JULHO DE 2006

Mais uma ida e uma volta,
Ainda no mesmo dia,
Pelo amor de nossa obra,
Já foi virando mania.

Enquanto eu media areia,
E preparava a ferragem,
Rute e Paula se esmeravam
Da areia na coagem.


Até o jovem Paulinho,
O neto do Tio Dolor,
No transporte da ferragem
Ajudou com muito amor.

14, 15 e 16 DE JULHO DE 2006

Muitos aqui ajudaram,
No tecido desta teia.
Izabela muito fez
Com a coação de areia.

Cada qual queria agir,
Conforme sua maneira.
Sempre prosa, o Rafael
Deu ajuda na masseira.

Respaldamos, lá em baixo,
Toda a cinta de cimento,
Ficando o primeiro andar
No ponto de escoramento.


Não querendo a meninada
Ao serviço ser alheia,
Ester, Bruno, Augusto e Rute
Já foram coar areia.

Foi hoje que eu entendi
Quão duro é servente ser.
Dez coisas ao mesmo tempo,
Sem chorar, tem que fazer.

O mais difícil, porém,
É a linguagem decifrar
Do sobranceiro pedreiro,
Que sempre tem que mandar.

“Me dê aquele negócio,
Aquele troço fininho,
Aquele que nós coisamos,
Ontem de manhã cedinho”.

Eu tive que decifrar
E, sem reclamar de nada,
Sob pena de receber
No coco uma colherada.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Covil de covardes e terra de maravilhas

O título acima eu tirei de uma reportagem de Lya Luft na revista Veja. Ali ela se refere a distorções ou até a mentiras a respeito de uma palestra infeliz que teria feito para mulheres. Em determinado ponto a grande escritora diz: No espaço cibernético podemos caluniar e destruir ou elogiar e endeusar quem quer que seja, sem revelar nossa identidade. Também podemos trabalhar, pesquisar, nos comunicar, aprender, nos deliciar, sem sair de casa. Como tantas coisas neste mundo contraditório, a internet é a um tempo covil de covardes e terra de maravilhas.
Concordo com tudo o que foi dito. Temos que andar com muita cautela e atenção, para não sermos surpreendidos por viros e outras maldades de todo tipo, inventadas por aqueles que só se interessam pela infelicidade alheia. Atenho-me, porém, ao lado bom do espaço cibernético. De algum tempo para cá, comecei a me sentir incomodado e até mesmo quase alheio ao mundo atual, tendo chegado, finalmente, à conclusão de que, sem um computador à mão, eu não passaria de um verdadeiro analfabeto moderno. E era verdade. Agora, além de todos os benefícios enumerados por Lya Luft, o maior de todos me parece ser a proximidade dos amigos, dos irmãos e dos parentes em geral. Tenho conversado com frequência com pessoas sumidas desde muito tempo. Tenho feito minha diversão predileta, que é jogar buraco. E tenho jogado com parceiros de Israel, da Sibéria, dos Estados Unidos e até do continente africano. E assim não envelheço, procurando viver em meu tempo presente, sem a nostalgia caquética de um tempo que se foi mas que não posso mais trazer de volta.