quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Viagem da Saudade 3

De Assis me mandei para Florínea com minha esposa Neiva, sempre levado pela anfitriã Lúcia e por sua mãe Terezinha. Quando ainda trabalhava no Seminário de Assis, como diretor espiritual, passei a atender àquela paróquia, aonde eu ia no sábado e voltava no domingo. Dom Lázaro me apresentou à comunidade. O lugar,vizinho do Paraná, era muito pobre,sujo,cheio de casas de madeira e com população muito reduzida,talvez de três mil pessoas. Não havia calçamento de espécie alguma e a terra roxa impregnava tudo. No tempo da chuva era horrível.A lama roxa agarrava-se aos sapatos e encardia tudo, até nossa própria pele. Entretanto eu me dediquei, trabalhei bastante, ganhei a confiança e o amor da comunidade. Ali trabalhei nos anos de 63, 64 e 65.
Hoje está tudo muitíssimo melhor. Tudo asfaltado, casas boas e bonitas, administração municipal bem organizada.Entretanto meus maiores amigos e conhecidos morreram ou se mudaram. Só tive notícias do Toninho Barreiros e de sua esposa Laura, casal que morava na zona rural e que me levava de carrinho pelas estradas barrentas, a fim de celebrar a missa na fazenda de seu pai. Encontrei o velho Toninho com mais de noventa anos, quase inválido de tudo, sem poder sair de casa. Sua esposa nos recebeu calorosamente, mas disse que, se ela não me reconhecera, o Toninho é que nem ia desconfiar que eu era o Pe. Silva. Pois o querido amigo logo me reconheceu e, embora surdo e recebendo por escrito nossas falas, permaneceu sorrindo o tempo todo, sorvendo com o coração minhas palavras de amizade. Só aquela visita valeu a ida a Florínea. O Toninho e a Dona Laura se grudaram mais ainda do que antes em meu coração agradecido.

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