terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Epopeia de um Rancho (XV)

Nesta fase da construção, o mais interessante foi a bronca que o arquiteto Gustavo deu, por
causa de um erro na construção dos vãos das janelas.


31 DE JULHO DE 2006

Mais uma vez com o Lucas,
Ainda o sol a raiar,
Para a Ilha nos mandamos,
Afim de a laje regar.

Também o Paulo Rogério,
A fim de nos ajudar,
Chegou após nosso almoço,
P’ra levantar um pilar.

16 DE AGOSTO DE 2006

Quinze dias de descanso
Foi tempo bem adequado
Para eu voltar com saudade
E muito mais animado.

Seis masseiras preparei
E deixei para curtir.
E já chegava o padrão,
Comprado do Ivair.


18, 19 e 20 DEAGOSTO DE 2006

Foi este tempo aplicado
Por mim e minha Neivinha
No começo do contorno
Das janelas da cozinha.

24, 25 e 26 DE AGOSTO DE 2006

Nossa dupla persistente
Continuou trabalhando,
Inclusive os serviços
Do padrão encaminhando.

28 DE AGOSTO DE 2006

Solitário, sem a Neiva,
Eu quis bancar o durão
E levantar, sem ajuda,
O pilar do janelão.

Minha grande obra-prima
Virou foi calamidade.
Ficou fininha no meio
E grossa na extremidade.

31, 1, 2 e 3 DE SETEMBRO DE 2006

Após uma grande bronca
Do Gustavo, o arquiteto,
Tratamos logo de agir,
Na mudança do projeto.

Só quero duas janelas
- Falou bravo que nem cobra –
Senão, sem pestanejar,
Eu abandono esta obra.

Tive grande suadeira,
Consertando meu pilar.
Parecia, disse o Quinca,
Modelo dos Leonel.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Epopeia de um Rancho (XIV)

Agora começa a preparação para a próxima laje, que funcionará como piso da cozinha. Também aconteceu o primeiro desmanche. Foi mais difícil derrubar do que levantar uma parede da escada da cozinha para o primeiro pavimento.


19 DE JULHO DE 2006

Ida cedo e volta à tarde,
Com Neiva, Paula e as netinhas,
Mais um dia trabalhamos,
Cumprindo nossas rotinas.

Escoramento e lajotas,
Tiãozinho então preparava
P'ra fundir mais uma laje,
Cujo tempo já chegava.

22 e 23DE JULHO DE 2006

Na Ilha se deparavam
Arantes por todo lado.
Usamos do Quinca o rancho
Para nós desocupado.

Balaio de gato armamos
Com dois colchões pelo chão.
Juntinhos, demos às netas
A maior satisfação.

A parede das escadas
Tivemos que desmanchar.
Derrubar foi mais penoso
Dói que a mesma levantar.

O mais triste do desmanche
Foi que a parede em questão
Foi mais custosa de erguer,
Por ter certa inclinação.

26 DE JULHO DE 2006

O Lucas e eu ralamos
Nas paredes da cozinha.
No mesmo dia voltamos
Para o almoço da Neivinha.

28 DE JULHO DE 2006

Mais uma ida, uma volta,
Lucas e eu novamente.
Até hoje, em nossa obra,
O Lucas sempre presente.

Então, dos quatro pilares
Das paredes da cozinha
Cuidamos com todo o amor
Que em nosso peito se aninha.

Outra ajuda preciosa
Em nosso labor insano
Partiu de um jovem parente,
De nosso amigo Adriano.

29 DE JULHO DE 2006

Presente toda a família,
Inclusive a Poliana,
A tarefa deste dia
Grande prazer emana.

Antes de voltar à noite,
Findou a preparação
Para a laje da cozinha
Acabar em fundição.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O PRESÉPIO DE NATAL

Já se foram -sinais dos tempos - os natais dos presépios caprichados, cheios de bichinhos pastando nos gramados de musgo, com sua estradinha curvada, tendo, lá longe, a figura dos três magos, carregando seus presentes. No fundo da gruta, formada com papéis de purpurina e carvão, o Menino Jesus, na manjedoura, ladeado por Maria, por José, pelos pastores e até por animais. Em nossa casa de Bonfim, a construção do presépio era verdadeiro ritual, envolvendo a filharada toda, liderada pelo Quive, nosso saudoso pai, que ia organizando os materiais e dando formato ao presépio que, aos poucos , ia surgindo da mistura de tantas coisas diferentes. Respaldando aquela beleza toda, nosso pai colocava lá no alto uma grande estrela de madeira, forrada de papel brilhante, cheia de pequenas luzes coloridas. Para mim, a estrela era o ponto alto do presépio.
Agora resolvi, junto com minha esposa , reviver aqueles tempos e fazer um presépio digno de nossa tradição. Não chega a vinte por cento de nosso presépio de Bonfim, mas ficou bonito, parecido com o nosso, com estrela e até com um pequeno lago, onde nadam patinhos que parecem alheios a tudo o que acontece na gruta de Belém.
Tomara que os moradores da cidade se entusiasmem e voltem aos tempos antigos, procurando dar mais importância ao aniversariante do dia, em vez de valorizar mais os presentes, a ceia, a árvore e outros elementos secundários, mais adequados à sociedade de consumo.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

CEMITÉRIO DE VIVOS

Inventei - se alguém não o tiver feito antes - a expressão "cemitério de vivos", para significar aquelas pessoas que desaparecem por muitos anos, não dão notícias, não escrevem, não telefonam. Tenho ex-companheiros de Caraça que eu gostaria de rever, de abraçar. Entretanto sumiram para mim. Não sei se já morreram ou se andam por algum lugar deste mundão de Deus. Assim acontece com o Lindolfo, com o Fineias, com o Ferreira, com o Pereira, com o Márcio, com o Lana e com seu irmão Aloísio e com multidão de outros mais. Para mim são como defuntos, pois desapareceram, como desaparecem os mortos. Fico triste, angustiado, aflito e desejoso de encontrar tanta gente que fez parte de minha vida e que sumiu como por encanto.
Acredito que estes mesmos que eu nomeei estejam na mesma situação, em busca dos antigos colegas e sem saber se eles morreram de fato ou apenas desapareceram por encanto.
É muito bom quando a gente reencontra velhos conhecidos, como aconteceu com o José Marques e com o Francisco Braz, dois colegas de grupo escolar em Bonfim, que descobri depois de mais de cinquenta anos.
Outro ponto de encontro, aliás dois, são a caravana anual ao Caraça e a confraternização de final de ano dos ex-alunos de nossa querida Escola Apostólica Nossa Senhora Mãe dos Homens. Fico com vontade de não sair mais. Do último encontro em Belo Horizonte não posso esquecer-me do belo papo que bati com o Joaquim Duque. E a conversa final, de uns seis remanescentes, que pareciam não querer que o tempo andasse, para ficarem ali, conversando e refletindo, talvez com receio de que dali fossem lançados na vala comum dos mortos vivos.
É. Agora espero que muitos defuntos vivos saiam para a superfície e venham curtir conosco as belezas inenarráveis do "Haec olim meminisse juvabit".

domingo, 22 de novembro de 2009

SANTO TECE ELOGIOS À DANÇA

Sempre tive grande desejo de dançar. Como padre, não podia realizar minha grande vontade, uma vez que a dança, quando não era pecado, pelo menos era considerada ocasião grave e próxima do mesmo. Somente depois de meu casamento comecei a tentar alguns passos de dança de salão mas de maneira muito simples e sem técnica alguma. Finalmente, há poucos meses atrás, tivemos a felicidade de encontrar uma professora, que vem de Piumhi, com o intuito de ministrar-nos aulas de dança de salão.
Não é que, através da mesma professora, cheguei ao conhecimento de um texto do grande Santo Agostinho (354-430), em que ele exalta a dança e seus grandes benefícios? Vejam só: "Eu louvo a dança, pois ela liberta o ser humano do peso das coisas. Ela liga a pessoa solitária à comunidade. Eu louvo a dança, que promove a saúde, a mente esclarecida e o espírito elevado. Dança é a transformação do espaço, do tempo e do ser humano, que está constantemente em risco de se fragmentar, tornando-se somente cérebro, vontade ou sofrimento. A dança, pelo contrário, pede o homem inteiro, ancorado em seu centro. Pede aquele ser liberado da cobiça e do abandono de si próprio. A dança exige o homem liberto e equilibrado por inteiro. Eu louvo a dança! Ser humano, aprenda a dançar! Senão os anjos do céu não saberão o que fazer de você."

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Epopeia de um rancho (XIII)

Depois de respaldada a cinta de concreto do andar de baixo, um fato curioso e divertido se deu, demonstrando a dureza da função de um servente de pedreira.

5 DE JULHO DE 2006

De novo fui e voltei,
Preparei sete masseiras.
Na colocação de blocos,
Curtidas, ficam maneiras.

Na tentativa de ser
Servente tipo ideal,
Inda dei, em toda a obra,
Uma limpeza geral.

6, 7 e 8 DE JULHO DE 2006

Estando toda a família,
Somente o Gustavo ausente,
Para nosso andar de baixo
Deixamos mais um presente.

Armações finalizadas,
Partimos direto e reto,
Para entregar, respaldada,
Toda a cinta de concreto.


12 DE JULHO DE 2006

Mais uma ida e uma volta,
Ainda no mesmo dia,
Pelo amor de nossa obra,
Já foi virando mania.

Enquanto eu media areia,
E preparava a ferragem,
Rute e Paula se esmeravam
Da areia na coagem.


Até o jovem Paulinho,
O neto do Tio Dolor,
No transporte da ferragem
Ajudou com muito amor.

14, 15 e 16 DE JULHO DE 2006

Muitos aqui ajudaram,
No tecido desta teia.
Izabela muito fez
Com a coação de areia.

Cada qual queria agir,
Conforme sua maneira.
Sempre prosa, o Rafael
Deu ajuda na masseira.

Respaldamos, lá em baixo,
Toda a cinta de cimento,
Ficando o primeiro andar
No ponto de escoramento.


Não querendo a meninada
Ao serviço ser alheia,
Ester, Bruno, Augusto e Rute
Já foram coar areia.

Foi hoje que eu entendi
Quão duro é servente ser.
Dez coisas ao mesmo tempo,
Sem chorar, tem que fazer.

O mais difícil, porém,
É a linguagem decifrar
Do sobranceiro pedreiro,
Que sempre tem que mandar.

“Me dê aquele negócio,
Aquele troço fininho,
Aquele que nós coisamos,
Ontem de manhã cedinho”.

Eu tive que decifrar
E, sem reclamar de nada,
Sob pena de receber
No coco uma colherada.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Covil de covardes e terra de maravilhas

O título acima eu tirei de uma reportagem de Lya Luft na revista Veja. Ali ela se refere a distorções ou até a mentiras a respeito de uma palestra infeliz que teria feito para mulheres. Em determinado ponto a grande escritora diz: No espaço cibernético podemos caluniar e destruir ou elogiar e endeusar quem quer que seja, sem revelar nossa identidade. Também podemos trabalhar, pesquisar, nos comunicar, aprender, nos deliciar, sem sair de casa. Como tantas coisas neste mundo contraditório, a internet é a um tempo covil de covardes e terra de maravilhas.
Concordo com tudo o que foi dito. Temos que andar com muita cautela e atenção, para não sermos surpreendidos por viros e outras maldades de todo tipo, inventadas por aqueles que só se interessam pela infelicidade alheia. Atenho-me, porém, ao lado bom do espaço cibernético. De algum tempo para cá, comecei a me sentir incomodado e até mesmo quase alheio ao mundo atual, tendo chegado, finalmente, à conclusão de que, sem um computador à mão, eu não passaria de um verdadeiro analfabeto moderno. E era verdade. Agora, além de todos os benefícios enumerados por Lya Luft, o maior de todos me parece ser a proximidade dos amigos, dos irmãos e dos parentes em geral. Tenho conversado com frequência com pessoas sumidas desde muito tempo. Tenho feito minha diversão predileta, que é jogar buraco. E tenho jogado com parceiros de Israel, da Sibéria, dos Estados Unidos e até do continente africano. E assim não envelheço, procurando viver em meu tempo presente, sem a nostalgia caquética de um tempo que se foi mas que não posso mais trazer de volta.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Epopeia de um rancho (XII)

Em três semanas de férias, a família ajudou em peso no trabalho, inclusive na preparação da ferragem .
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21 DE JUNHO DE 2006
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Fui sozinho e trabalhei
Que nem monge, neste dia,
Pois teve a Neiva que ir
Fazer fisioterapia.

Ainda no mesmo dia
Eu comecei a cavar
Um trabalhoso buraco
Para o padrão instalar.

23, 24 e 25 DE JUNHO DE 2006

Como abelhas operosas,
Nosso casal persistente,
Nas paredes e ferragens
Prosseguia sempre em frente.

26 DE JUNHO DE 2006

Fomos cedinho e voltamos.
Devido à manhosa aragem,
De tarde só preparamos
Três armações de ferragem.

Até o jovem Paulinho,
O neto do Ti Dolor,
No transporte da ferragem
Ajudou com muito amor.

28 DE JUNHO DE 2006

Vinte e oito fui e voltei,
Três pilares levantei
E também uma parede
Da escada eu adiantei.

Só que do almoço já pronto
Eu, de todo, me esqueci.
Com suco de limão china
Pão doce e queijo eu comi.

30, 1 e 2 DE HULHO DE 2006

Fim de semana agitado,
Com netinhas animadas,
Chegando afim de curtir
Prolongadas feriazinhas.

Com Gustavo e com a Poli
A Paula também chegou
E as três semanas de férias
No trabalho começou.


Neste tríduo a turma toda
Ao serviço se entregou.
Nem mesmo a singela ajuda
Da neta Rute faltou.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Epopeia de um rancho (XI)

Nestes dias continuou o trabalho de elevação das paredes do primeiro andar, e foi levantado o último pilar de concreto da construção.
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24, 25, 26 de MAIO de 2006

A Neiva, o Gustavo e eu,
No andar térreo trabalhando,
Fizemos um grande avanço,
As paredes levantando.

O vão das portas agora
Pudemos já vislumbrar,
Sonhando já, do local,
A represa contemplar.

Mais uma vez o Tadeu
Alegrou a vida nossa,
Despejando no local
A carga de areia grossa.

8, 9, 10, 11 e 12 DE JUNHO DE 2006

Passado longo repouso,
Depois de grande canseira,
Voltei a ser o servente
De minha mulher pedreira.

15 DE JUNHO DE 2006

No dia de Corpus Christi
Nossa comemoração
Realizou-se na Ilha
Com típica oração.

Foi a prece do trabalho,
Nascida da boa ação,
Ao levarmos um pilar
Ao termo da fundição.

Paula, Lucas, Neiva e eu,
Ofertando nossa ação,
Com Larissa e Daniela
Celebramos a união.

17 DE JUNHO DE 2006

Lucas e eu, neste dia,
Levantamos o pilar
Que seria o derradeiro
Naquele primeiro andar.

No rancho da Ti Neilma
Almoçamos lautamente,
Juntando nossas famílias,
Coisa, aliás, bem freqüente.

19 DE JUNHO DE 2006

Saindo às seis da manhã,
Deixando o frio de lado,
Voltamos só de tardinha,
Depois de dado o recado.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

DOIS PADRES, DUAS HISTÓRIAS

Muito bela e tocante a cerimônia comemorativa das bodas de ouro sacerdotais de meus queridos irmãos e amigos Geraldino e Paulo Faria. Enquanto Pe. Paulo, no centro do altar, presidia à cerimônia eucarística, ladeado por outros sacerdotes, o Geraldino, em trajes seculares, permanecia de fora e ao lado do altar, irradiando, dali, toda a sua simpatia e a imensa grandeza de seu valioso coração.
Eu, de meu lugar de ungido degradado ao estado leigo, ia costurando em silêncio meu sermão, que não teve chance de ser dito mas que me vejo na obrigação de levar ao conhecimento de quem tiver a paciência de ouvir-me em meu púlpito.
Dois padres, dois ungidos do Senhor, duas missões bem diferentes. Um, habituado às alturas dos altares e dos ritos sagrados, o outro, residindo na planície humilde e trabalhosa dos mortais. Dois caminhos, duas opções, duas visões do Reino de Deus bem diferentes. O padre casado e o celibatário. Um, chamado à dedicação exclusiva ao serviço da Igreja Católica, o outro, mandado para o mundo, com a função espinhosa de anunciar a Boa Nova e de denunciar os descaminhos da humanidade. Lá em cima, no altar,o sacerdote. Lá em baixo, na planície, o profeta. Descendo das honrarias do altar e do ministério sacerdotal, o Geraldino, humildemente feliz em sua escolha de profeta, vai levando, casado, pai de filhos e trabalhador pelo sustento da família, sua missão profética de mexer com as consciências, de incomodar os estabelecidos e de chamar ao verdadeiro evangelho do amor aqueles que parecem colocar o mesmo evangelho a serviço de seu próprio comodismo e bem estar.
O Pe. Paulo, com sua alegria de criança abençoada, vai levando sua outra opção, espalhando alegria e tentando aproximar do altar, através de seu zelo pela catequese, aqueles que pouco conhecimento têm de Jesus e de seus ensinamentos.

domingo, 11 de outubro de 2009

Epopeia de um Rancho (X)

O 8 de maio, dia de meu aniversário, foi comemorado de maneira especial na construção do rancho. Nos dias seguintes se deu o escoramento para a fundição da primeira laje, que se tornaria o piso da cozinha.
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8 DE MAIO DE 2006

Só com Neiva e o Gustavo,
Este meu aniversário
Alegres comemoramos,
Com um jeito muito hilário.

Dependurei no pescoço,
Que nem pessoa detenta,
Um cartaz de papelão,
Ostentando meus setenta.

Foi motivo de alegria
Saber que agora vinha
O frete dos cabedais
Para a laje da cozinha.

10, 11, 12, 13, 14 e15 DE MAIO DE 2006


Presentes filhos e netas,
Animada temporada.
Dia das Mães foi lembrado
Com gostosa feijoada.


Até mesmo o Fabiano
Apareceu lá na obra.
Posou para foto e agora
Nada dele ninguém cobra.



Sempre prontos a servir,
Zezé e Quinca, de novo,
Viraram todo o concreto
Da cinta do piso novo.

Benito chegou na hora,
Oferecendo a maquita
Que, cortando as canaletas,
Foi ferramenta bendita.

O pedreiro Joaquim
No dia quinze chegou.
O escoramento da laje
Logo logo levantou.



17 e 18 DE MAIO

Joaquim, eu e Gustavo
O escoramento findamos
E do piso, sem demora,
As lajotas colocamos.

A inestimável presença
Não podemos esquecer
Da querida Poliana,
Para nós sempre um prazer.

Para a laje da cozinha
Contratamos uma trinca
- Miltinho, Elpídio e Joel –
Que no serviço não brinca.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Epopeia de um Rancho ( IX )

O mais importante aqui foi o começo da elevação da primeira parede e também a realização da primeira armação de ferragem.
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6, 7, 8, 9 e 10 de abril de 2006

Quinca, Zezé, Daniela
Ajudaram na limpeza
Do terreno que do rancho
Fica na redondeza.
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Dois mil blocos de parede
Chegaram segunda-feira.
Na base que fica em frente
Ergui mais uma fileira.

17 DE ABRIL DE 2006

Depois de participar
De um encontro dos Arantes,
Partimos para tarefas
Muito mais desafiantes.

De areia e cal preparei
Masseiras para curtir.
Depois elas serviriam
Para paredes subir.

20, 21, 22 e 23 DE ABRIL DE 2006

A data do dia vinte
Jamais será esquecida,
Quando sucedeu um fato
Importante em nossa vida.

Levantar uma parede,
Em nossa vida a primeira,
Eu agindo de servente
E a Neiva como pedreira.

26 DE ABRIL DE 2006

Além de fazer parede,
Começamos por armar
A ferragem necessária
P’ra levantar um pilar.
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27, 28, 29 e 30 DE ABRIL DE 2006

Animadíssimos dias
Foram os desta semana.
Toda a família feliz,
Em unidade bacana.

Rute, Ester, até Augusto
Alguns blocos carregaram,
Enquanto todos os outros
A pilastra levantavam.

Por sua vez, no concreto,
Quinca dava uma demão.
Dona Lilia servia
Vitamina de mamão.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Trilha do Irmão Miguel

No encalço de uma trilha que nos levasse à famosa Serra do Caraça e ao santuário que nos abrigou e nos modelou o caráter nos anos de nossa adolescência, caminhamos sessenta quilômetros em dois dias, desde Rio Acima até ao Santuário do Caraça.
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Aventureiros, impetuosos, idealistas, corajosos, precursores, pioneiros e até mesmo imprudentes, desmiolados e malucos. Tais adjetivos nos foram certamenre aplicados por pessoas diferentes, de acordo com suas maneiras diversas de pensar. O certo, porém, é que chegamos lá. O mais complicado da trilha já foi estudado e percorrido por nosso variado grupo de participantes.

Tudo foi muito lindo e gratificante. Natureza exuberante, paisagens de beleza extraordinária, subidas de tirar o fôlego e ladeiras escorregadias, tudo aconteceu. O melhor de tudo, porém, a meu ver, foi o contato humano que tal caminhada nos proporcionou, a começar pela fraternal união que a nós sete nos ligou, como se fôramos irmãos que sempre tinhamos vivido sob o mesmo teto. Em apenas dois dias de estreita convivência, os ideais, as dificuldades, as peripécias e o ambiente familiar criaram um vínculo tão estreito entre nós, que até hoje não podemos recordar aqueles dias sem sentir imensa saudade e nostalgia.
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Em Palmital, em tosco restaurante desgarrado no topo da serra, foi extraordinária a acolhida a nós proporcionada pelo "Bira", um mulato grande e corpulento, a quem brindamos, pelo aniversário, com um animado "Parabéns pra você", ao som de meu querido acordeon.

Em Vigário da Vara, sem falar nos aposentos cedidos pelo fazendeiro Webster, na Fazenda Folha Larga, foi emocionante o jantar oferecido pelo "Zé Maria", em sua morada simples de trabalhador na lavoura e no serviço do gado. Em sua cozinha típica mineira, em volta do fogão a lenha, comemos, cantamos, oramos e dançamos. A tia do "Zé Maria", uma simpática anciã nonagenária, chegou até a dançar com desenvoltura uma valsa, ao som da Saudade de Matão, que toquei com muito gosto.
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Em tais contatos, como no encontro cheio de saudade, na velha casinha da Fazenda do Capivari, com o querido Irmão Miguel - que deu seu nome à trilha e que nos guiou até ao Caraça - à beira das cristalinas águas do Campo de Fora, tive a felicidade de travar um papo cheio de profunda reflexão espiritual e cristã. Pude então admirar ainda mais aquele religioso cheio de amor e de amizade.
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Enquanto forças eu tiver, repetirei a bela experiência e já estou ansioso para que chegue rápido o dia da próxima Trilha do Irmão Miguel.
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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Epopeia de um Rancho (VIII)

A novidade maior desta etapa foi a entrada da Neiva na obra como pedreira oficial. Também foi importante a chegada do Gustavo com visitantes ilustres e amigos.
4, 5 e 6 DE MARÇO

Neste tríduo a Neilma
Seu rancho nos emprestou.
Dois dias trabalhei só,
Depois a Neiva ajudou.

10, 11, 12, 13 e 14 DE MARÇO DE 2006

Depois daqueles três dias
De verdadeira anistia,
Cinco sacos de cimento
Paulo nos oferecia.

Cinco dias foram estes
De trabalho duro e lento,
Pois foi nele que se deu
Um grande acontecimento.

Foi então que Dona Neiva
Meteu a mão na colher.
Tendo a mim como servente,
Virou pedreira-mulher.


24, 25 e 26 DE MARÇO

Nestes dias, com Gustavo,
Chegou um grupo bacana.
Alessandra com Giordano
E de novo a Poliana.

Esquecendo ser pessoas
De vida de capital,
Atestaram que o serviço
De servente não faz mal.

30, 31, 1 e 2 DE ABRIL

Um grande fim de semana
Fechou esta bela fase.
Foi o fim do assentamento
De canaletas na base.

Quinca e Zezé novamente
Mostraram seus grandes dotes.
Ajudaram no arrimo
Que separa nossos lotes.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

TREZE PONTOS NA LOTERIA

No ardor e entusiasmo de meus dezessete e dezoito anos, eu fazia o noviciado religioso de dois anos, como preliminar para ingressar na Congregação da Missão, fundada por São Vicente de Paulo. Aquele era um período de prova e de santificação pessoal, cujo obletivo era aperfeiçoar-se, conhecer a fundo a congregação dedicada aos pobres e dar provas de que possuía vocação para o sacerdócio e para o espírito vicentino.
Eu entrei de cabeça no trabalho de minha santificação pessoal e procurei imitar os grandes místicos e ascetas do catolicismo. Cumpri as regras do noviciado com tanta convicção e determinação, que cheguei até a ganhar o jocoso apelido de "Vai ou Racha". Entreguei-me a toda sorte de sacrifícios físicos, de leituras, de meditações e de exercícios espirituais. Tentei chegar aos êxtases dos grandes místicos e às mortificações corporais dos famosos ascetas cristãos. Eu sonhava sair dali santificado, perfeito, pronto para cumprir a missão de servir aos pobres, no encalço do grande São Vicente. Tanto rezei e tanto me ajoelhei, que adquiri, no joelho direito, um volumoso higroma, cientificamente definido como derrame líquido das bolsas serosas. Depois de vários tratamentos, tive que ser operado, recebendo treze pontos de cima para baixo, bem no centro da patela.
Depois de ordenado padre e jogado, às escuras, no serviço direto aos humildes moradores de paróquias esquecidas, foi ali que começou meu verdadeiro aprendizado de ser santo. Compreendi que ser santo e ser cristão é algo que não brota do esforço pessoal e para dentro mas antes da doação para fora, da saída do próprio casulo, do serviço para os irmãos, na opção preferencial pelos mais necessitados. No dizer de São Vicente, a perfeição evangélica se realiza é no suor do próprio rosto e na força dos próprios braços.
Eis aonde eu quis chegar, ao falar nos tão almejados treze pontos da loteria esportiva. Os treze pontos recebidos no joelho me mostraram, bem mais tarde, que, embora para sempre marcados em minha carne, não eram eles e nem as suas causas, nem as rezas nem os sacrifícios, que me levariam à felicidade evangélica, mas antes a doação, a partilha, a fraternidade e a convivência com os simples, com os carentes, com os necessitados. Ganhei treze pontos que nunca se apagam e que me lembram sempre a lição profunda que deles recebi.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Para corrigir e explicar!

Para maior compreensão da "Epopeia do Rancho", vou colocar, antes dos versos de cada capítulo, um resumo do assunto relatado. Assim sendo, convido meus seguidores a retrocederem no tempo e a lerem novamente os capítulos anteriores.

Sirvo-me também da presente ocasião para me desculpar pela ausência prolongada em meu blog, determinada por viagens diversas e prolongadas, que me afastaram temporariamente do contato com meus queridos seguidores. Partindo agora para uma experiência muito curiosa, interessante e até um tanto aventureira, na volta falarei sobre a mesma. Aguardem-me.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Epopeia de um Rancho (VII)

Com a ajuda do Quinca e do Zezé, namorado da Daniela, novo visual aparece, com o aterro da varanda de baixo.

Depois do Carnaval, com sua merecida folga, trouxemos mais dois camaradas para auxiliar na furação de mais valetas.
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9, 10 e 11 DE FEVEREIRO DE 2006

Nestes três dias, a Neiva,
Eu e Lucas, em ação,
Além de pedras, na base
Demos um grande empurrão.

13 DE FEVEREIRO DE 2006

Saindo muito cedinho,
Em trabalheira danada,
Ainda fizemos três
Mutirões de goiabada.

15 DE FEVEREIRO DE 2006

Rompendo o dia parti,
Ferro e cimento levei.
Muito pouco trabalhei,
Às nove horas voltei.

16, 17, 18 e 19 DE FEVEREIRO DE 2006


O Ti Quinca e o Zezé,
Com ajuda sem igual,
Doaram a nossa obra
O mais novo visual.

A primeira das varandas,
Com sua base aterrada,
Já dava um “cabelo bom”
Da Construção projetada.

Nestes dias não faltou
A mãozinha preciosa
Do Gustavo e do Lucas,
No meio de muita prosa.

20 DE FEVEREIRO DE 2006

Lucas e eu terminamos
A parte baixa da base
E ficamos preparados
P’ra começar nova fase.

3 DE MARÇO DE 2006

Nos dias do Carnaval,
Boas férias foram dadas
Mas logo recomeçamos,
Levando dois camaradas.

Mais desaterro fizeram,
Mais valetas prepararam.
Cinqüenta paus do Neylson
No acerto ajudaram.

Enquanto os dois trabalhavam,
Suando suas roupagens,
Neiva e eu ainda demos
De pedras quatro viagens.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Epopeia de um Rancho (VI)

Com ajuda do Quinca, meu cunhado, é respaldado o alicerce da primeira varanda de baixo.

Dona Lilia, ao caminhar pela construção, feriu o dedo em uma pedra e tive que levá-la ao hospital, mas o trabalho continuou, com a família reunida e com a Poliana virando concreto.
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19, 20 e 21 DE JANEIRO DE 2006

Contando com grande ajuda
Do Ti Quinca na masseira,
Respaldamos a parede
Do alicerce, a primeira.

Chegou depois o Gustavo
E o trabalho acelerou.
Mas, ao chegar o domingo,
Todo mundo descansou.


23 DE JANEIRO DE 2006

Muito pouco trabalhei
Neste dia malfadado.
A sogra, Dona Lilia
Teve seu dedo estrepado.

26, 27, 28 e 29 DE FEVEREIRO DE 2006

Nestes dias agradáveis,
Esteve toda a família,
Inclusive a Poliana,
Reunida lá na Ilha.

A citada Poliana
No serviço tomou parte.
Chegou a virar concreto,
Com elegância e com arte.

30 DE JANEIRO DE 2006

Mais trezentas e dez pedras,
Que nem formiga saúva,
Carreguei, suando em bicas,
Em dia de muita chuva.



2, 3 e 4 DE FEVEREIRO DE 2006


Ajudando-me e ao Lucas,
O Quinca do Zé Limiro
Fez de tudo nestes dias,
O que não fez foi dar tiro.

Com toda boa vontade
Muita masseira ele fez.
Valetas desentupiu,
Que nem cabrito montês.

6 DE FEVEREIRO DE 2006

Trabalhamos só em três,
Neste seis de fevereiro.
Nada de novo se fez,
Foi um dia corriqueiro.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Epopeia de um Rancho (V)

Neiva pega na colher de pedreiro pela primeira vez.
Começam a ser colocados os blocos da primeira base, enquanto Neiva e eu vamos catar pedras por todo lado, servindo-nos de nosso próprio carro para o transporte.

Solano, filho do Dr. José Eduardo aparece e dá sua mãozinha na construção.
.
13 DE JANEIRO DE 2006

Neste dia fiquei só,
No trabalho das valetas,
Visando a colocação
Das pesadas canaletas.

14 e 15 DE JANEIRO DE 2006

Em mais um fim de semana,
Causou-nos grande emoção
O ver a primeira base
Brotando firme do chão.


Contemplando as canaletas
Todas enfileiradas,
Aquilo até parecia,
Para nós, conto de fadas.

No domingo, eu mais o Lucas
Lutamos manhã afora,
Sem contar com o Gustavo
Que tinha perdido a hora.

16 DE JANEIRO DE 2006

Hoje, junto com Neiva,
Nova tarefa surgiu.
De carro catamos pedras
No caminho do Funil.

17 e 18 DE JANEIRO DE 2006


Foi neste dia que a Neiva
Pegou, pela vez primeira,
Na colher, para assumir
A profissão de pedreira.

Comigo, Neiva e o Lucas,
O Solano também veio.
Trabalhou, como se fosse
Antigo no nosso meio.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Epopeia de um Rancho (IV)

Foi preciosa a ajuda do Márcio, esposo da Adriana, sobrinha de minha esposa Neiva. Ele carreou boa quantidade de pedras da represa.
Nesta etapa chegaram os primeiros bloco, trazidos pelo conhecido "Zé Lola".
.
2 DE JANEIRO DE 2006

Neste começo de ano
A tarefa não se muda.
O Márcio a continuou,
Prestando uma grande ajuda.

Querendo colaborar,
Fez uma grande proeza.
Muitas pedras transportou
Lá das margens da represa.

Carreguei duzentas pedras
Naquela tremenda lida,
Sendo grande parte delas
Com a marreta partida.

Lá no rancho dos Arantes
Dormi só e sem temor.
A bóia depois filei
Do Paulo do Ti Dolor.

6 DE JANEIRO DE 2006



A convite da Neilma,
Neste belo dia seis,
Em seu rancho almoçamos,
Festejando os Santos Reis.

Fizemos lauto banquete,
Neiva, eu e as netinhas.
Eu ainda aproveitei,
Carregando umas pedrinhas.

Mais setenta e sete pedras
Da represa carreei,
Com um olho no futuro,
Eu nunca desanimei.

9, 10 e 11 DE JANEIRO DE 2006



O Lucas e eu sozinhos
A base continuamos.
Dia onze, com “Zé Lola”,
Os blocos descarregamos.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Epopeia de um Rancho (III)

Mais uma vez tivemos como ajudantes o Antônio Braz e o Miltinho. Este último sempre bom papo e trabalhador, nunca se esquecendo de seu refrão predileto: "E é verdade".

Gustavo e Lucas colocam o concreto no fundo da primeira valeta, deixando-a preparada para receber as canaletas de cimento.
.
27 e 28 DE DEZEMBRO DE 2005

Na transposição da terra,
Gustavo, Lucas e eu.
Antônio Braz e Miltinho
Em trabalho que rendeu.

Com picareta e enxadão
As valetas escavaram
Com tão grande animação,
Que ao final quase chegaram.

Ainda no mesmo dia
Meus dois filhos trabalharam.
Usando de engenharia,
As valetas alinharam.


29 DE DEZEMBRO DE 2005

Os mesmos quatro de ontem
A luta continuaram.
Miltinho e seu companheiro
A tarefa terminaram

P’ra começar nova etapa,
Gustavo e Lucas se uniram.
Usando pedra e concreto,
Para o trabalho partiram.

As bases iniciaram,
Deixando, como obra-prima,
No ponto de colocar
As canaletas por cima.



Nos três dias derradeiros
Neiva e Paula cozinhavam
E, para ajudar na terra,
Algum tempinho encontravam.

30 DE DEZEMBRO DE 2005

Com o alicerce animados,
Lutamos com muita gana.
Gustavo e eu, como sempre,
Mais o Márcio da Adriana.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Epopeia de um Rancho (II)

Desta vez foram mais dois peões, Antônio Braz e Miltinho, que trabalharam no serviço das valetas, enquanto meu filho Gustavo começava a montar o gabarito das bases .

Depois de breve intervalo para o Réveillon, passado na Ilha, Gustavo corrigiu um erro no gabarito, enquanto Miltinho furava valetas.
.
24 DE DEZEMBRO DE 2005

Depois do almoço o Gustavo,
Rute, Ester, eu mais o Lucas,
Para a Ilha nos mandamos,
Preparando nossas cucas.

O trabalho era dureza,
Exigindo pensamento.
Sem falar no calorão,
Sem esperança de vento.

A tarefa mais pesada,
Ao fazer o gabarito,
Foi fincar várias estacas
Naquele chão de granito.




O pior foi que, depois
De a tarefa terminada,
Não encontramos sequer
Um copo d’água gelada.

Já de noite regressou
Toda moída a cambada,
Mesmo assim, para o Natal,
Tinha que estar preparada.

26 DE DEZEMBRO DE 2005

Foi necessário voltar
Neste dia ao gabarito,
Pois um engano deixara
O Gustavo muito aflito.

P’ra começar as valetas,
Com decidida intenção,
Pelas sete da manhã
Partimos com prontidão.

Gustavo, eu e Miltinho
Formamos uma trindade.
Em toda prosa o Miltinho
Retrucava: “E é verdade.”

Furando que nem Tatu,
Miltinho valas abriu.
Gustavo, no gabarito,
Suava na esquadria.





Neiva e Paula, com Ester,
Mais a Rute sempre prosa,
Vão a tempo de fazer
Comidinha bem gostosa.

Gustavo e eu começamos
A dar um novo recado,
Levando terra ao lugar
De nível mais elevado.

De volta, no mesmo dia,
Com Miltinho combinamos.
P’ra terminar as valetas,
Duzentos paus lhe pagamos.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Império de Cada Um

Frequentemente encontramos, pelas veredas da vida, pessoas diversas, sobretudo casais, que começaram do nada , lutaram por um lugarzinho ao sol, fizeram economia, construiram sua morada, estabeleceram seu "modus vivendi" e acabaram formando seus filhos, alcançando, na sociedade, seu merecido lugar.
Isto é o que acontece com os idealistas, com as pessoas de fé, de fé em Deus e nos homens. Costumo chamar, tal conjunto de vitórias, de império de cada um. A tal império seus senhores se apegam , defendendo-o com unhas e dentes, dele se orgulhando talvez até muito mais do que os grandes senhores da Terra.
São estes pequenos impérios que constroem o mundo, que criam sociedades estáveis e que deveriam ser resguardados e até venerados como relíquias e como pilares da História. Só que são com frequência desmontados, assim que seus fundadores se vão. Tais impérios ruem por ambição, por desavenças e ganância de herdeiros ou pela exploração imobiliária, quando não pelo descaso do poder público.
Quando toco neste tema, à mente me vem o casarão de Bonfim, o sobrado mais antigo de então, plantado bem no centro da cidade, como símbolo de minha cidade natal. Um dia, porém, ruiu o império de meus pais, orgulho de seus ideais, sacramento altaneiro de dois forasteiros, chegados em carro-de-bois e alçados à glória de seu querido palácio.
Por tudo isto é que dou tanta importância a minha família e a minha casa, como também a nosso rancho, cuja construção representa a união e a força de nosso pequeno império.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Epopeia de um Rancho (I)

Neste primeiro dia da aventura da construção de nosso sonhado rancho, Lucas, eu e o peão Osvaldo Lica partimos para a limpeza do local, coberto por tremendo matagal. O lugar do futuro rancho é a Ilha do Funil, lugar lindo, às margens da represa de Furnas, a treze quilômetros de Capitólio.
Como os esquecimentos nunca faltam, ficou em casa a carne moída do almoço, o que não constituiu problema para o Tio Dolor, que improvisou gosotoso molho de ovos em substituição.
.
21 DE DEZEMBRO DE 2005

De Capitólio partimos
Eu, Lucas e um companheiro,
Perseguindo um ideal
E não sonho passageiro.

Osvaldo era o companheiro.
Se quer saber, dou a dica.
Era um dos vários filhos
Do saudoso Antônio Lica.

A limpeza do terreno
Iríamos começar.
Ali surgiria um rancho,
O nosso segundo lar.

Ti Dolor deu grande ajuda,
Fazendo farta comida.
Nem sentimos que, em casa,
Deixei a carne moída.

Mestre Cuca, experiente
Em criar manjares novos,
O tio, em lugar da carne,
Fez belo molho de ovos.

Nossa tarefa acabou,
Nem bem terminava o dia.
Logo, como bom patrão,
O pagamento eu fazia.

Vinte e cinco foi o preço
Pelo Osvaldo a mim cobrado
Mas dei-lhe quarenta e um,
Que julguei mais adequado.



Durante aquele serviço,
Tadeu Rodrigues chegou,
Com areia e a madeira
Que o gabarito marcou.

Já no dia anterior
O mesmo caminhoneiro
Fez um carreto de brita,
Dois, sete, cinco a dinheiro.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Epopeia de um Rancho

Grandes poetas escreveram grandes epopeias. Camões escreveu Os Luzíadas, Homero compôs a Ilíada, Virgílio escreveu a Eneida. Existem, porém,outras epopeias, muitas vezes até para nós insignificantes, mas que, para seus autores, são grandes epopeias, dependendo do amor e da importância que lhes dão.
Nosso rancho da Ilha, no município de Capitólio, é uma dessas epopeias. Uma epopeia caseira, como diria nosso grande Tio Dolor, o mesmo criador dos já comentados "picuíbas". É uma epopeia caseira, quer dizer, simples, singela, despretensiosa. Para nós, todavia, é uma grande epopeia, que mereceria, a nossos olhos, ser cantada por um Camões, por Homero ou por Virgílio. Como estes já se foram, sobro eu para cantar, em minha versalhada, toda aquela aventura de nos metermos a construir um sonho nosso, colocando a mão na massa e levando dois anos de expectativas, até chegarmos à conclusão de nossa almejada obra.
Assim, resolvi mostrar para quem tiver paciência de me tolerar, a história de uma obra que não é pura ficção, como foram as epopeias, mas a expressão mais pura de uma verdade que, de puro sonho, se tornou realidade. Como remédio se dá às colheradas, vou servir meu repasto a conta-gotas, para não causar-lhes desarranjos.
E até ao próximo encontro.

domingo, 19 de abril de 2009

Agregados em Serviço

Cá no Feudo dos Arantes, incrustado no condomínio da Ilha, no município de Capitólio, muitas coisas acontecem no correr do dia a dia, geralmente cheias de lances engraçados e pitorescos. Um deles diz respeito ao serviço voluntário de dois animados agregados, que resolveram dar um trato caprichado na grama que se tenta plantar no terreno que rodeia o Rancho da Dindinha, a matriarca do clã e já conhecida como caçadora inveterada de pragas.
Surgiu aqui também o uso do termo agregado, para classificar aqueles ou aquelas que se ligaram aos Arantes pelo vínculo do matrimônio, tornando-se cunhados e genros. Mas vamos à história que agora interessa:


Dois antigos agregados
Da família dos Arantes
Querem provar que não são
Preguiçosos nem tratantes.

Em sábado de descanso,
Resolvemos enfrentar
A triste terra vermelha,
P'ra na grama esparramar.


O Quinca pega o carrinho,
Eu me valho da enxada,
Pego a pá e vou deixando
A roupa toda manchada.

Sorridentes na tarefa,
Suavam os dois agregas,
Sem pensar que, das mulheres,
Vinham chegando as esfregas.

Filhas de Dona Lilia,
DNA não negaram.
Sendo a matriz L1,
2 e 3 a acompanharam.

Neiva do Pê, ora pois,
Ficou sendo a L2.
A Neilma tudo fez
Para ser a L3.

Deixando logo os porém,
E voltando à vaca fria,
Vou contar o que as duas
Fizeram naquele dia.


Plantar grama no cascalho
É só com terra vermelha.
Neilma vai dando bronca,
Falando o que dá na telha.

Com certeza, o que ela teme
- A L3 tão danada -
É a presença da mãe,
Cuidando da pragaiada.



A L1 só com praga
Não se pode contentar.
Catando pedras também,
Nesta terra vai andar.


A L2 fica fula,
Me chama na regulagem:
Desta roupa avermelhada
Não dou conta da lavagem.

Roupa tão emporcalhada
Agora não lavo mais.
Vá p'ro tanque, esfregue e lave
E estenda já nos varais.

Este tênis que lhe dei
Para fazer caminhada
Não pode ser mergulhado
Nesta terra enlameada.


Mas, apesar dos pesares,
Vivemos em doce lar,
Sendo esposos de mulheres
Que só sabem trabalhar.

Cinco coisas de uma vez
Têm sempre que fazer.
Dos Leonel sendo raça,
Para elas é prazer.

Trabalhar de vez em quando,
Para nós, os agregados,
É vida pedida a Deus,
Para ao Céu sermos levados.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Feliz Páscoa!

Esta saudação me foi repetida muitas vezes por pessoas de lugares diversos do Brasil. Eram aqueles meus companheiros do jogo de buraco pela internet. Aí fiquei perguntando a mim mesmo: -Que desejarão dizer tais pessoas com esta saudação? Acredito que , para elas, não passa do mero desejo de um dia agradável e alegre no chamado Domingo de Páscoa. Assim como se diz Feliz Natal, Feliz Ano Novo, Feliz Aniversário. É claro que tem muito valor tal desejo de felicidade, mas Feliz Páscoa tem um significado muito mais profundo, mais espiritual, mais cristão, mais vivencial.
Páscoa é uma palavra que quer dizer passagem, na linguagem dos hebreus. A Ceia Pascal e a comemoração da Páscoa foram introduzidos entre o Povo Escolhido pelo grande profeta Moisés, a mando do próprio Criador. A Páscoa foi intruduzida para comemorar a passagem dos israelitas da escravidão egípcia para a libertação da Terra Prometida, como ainda para relembrar a milagrosa e espetacular travessia do Mar Vermelho a pé enxuto, no começo de sua caminhada salvadora.
Mais do que tudo isto que acabei de dizer, a Páscoa tomou, com sua celebração por Jesus Cristo na Quinta-feira Santa, o sentido muito mais aprofundado ainda de passagem do pecado, da morte e do egoismo para a vida que nunca acaba, para a felicidade sem fim na eternidade e para uma existência de amor e de partilha com os humanos aqui em nossa terra.
Será que é isto que pensamos e que desejamos para quem saudamos com uma Feliz Páscoa? Ou este voto não passa de mais um dos rituais vazios e das palavras baloufas em que andamos transformando o Cristianismo que Jesus veio trazer-nos?

domingo, 12 de abril de 2009

BURAQUEIRO-MÓR

Em nossos ranchos, à margem das águas mais límpidas da represa de Furnas, o pitoresco é quotidiano. Picuíbas aparecem, caçadores de pragas surgem de repente, jogadores de buraco, então, é o que não falta.
Dentre os mais folclóricos buraqueiros de nosso arraial sobressai o Aclino que pssui, em seu cardápio de manias de jogo, o costume de chamar o cobiçado coringa pelo carinhoso apelido de Dunga.
Em suas bodas de ouro de nascimento, resolvi brindá-lo com despretensiosos versos que procuram retratar sua figura ímpar no jogo de buraco.

O Aclino, no Buraco,
É jóia de raridade.
Só precisa desistir
De ser dono da verdade.

Para ser um buraqueiro
Vencedor e sem defeito,
Deve deixar o parceiro
Fazer jogo de seu jeito.

Ele joga com esmero
Mas depressa vira bicho.
Não perdoa o companheiro,
Quando compra e deixa o lixo.

Enfezado, larga o jogo,
Mas tem uma qualidade.
Quando sua cuca esfria,
Volta com toda humildade.

Aclino pula p'ra cima,
Ele berra, grita e funga.
Certamente é porque
Nas mãos ele tem um Dunga.

No Buraco, a mulher
Para ele não apita.
Nem visita, nem as filhas,
Nem a esposa Marilita.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Refletindo Nosso Cristianismo

Baruch Spinoza, holandês, um dos maiores pilares da moderna Filosofia, era praticante do Judaismo e profundamente crente em Deus. Devido à corajosa exposição de suas idéias, foi excomungado e até ameaçado de morte. Isto, no século XVII, lá pelos anos de 1650.
Uma daquelas suas idéias merece profunda reflexão, especialmente de nós, que nos pretendemos cristãos. Spinoza achava que os dogmas rígidos e o ritualismo vazio eram as únicas coisas que ainda mantinham vivos o Cristianismo e o Judaismo. Só discordo de Spinoza quando ele fala da falência do Cristianismo. A meu ver, seria mais correto falar das diversas igrejas cristãs e não do Cristianismo. O Cristianismo continua como nunca, agindo profundamente no coração de todos aqueles que fazem do amor, pregado pelo Cristo, a razão e o sentido de seu peregrinar cá pela terra. De acordo com o próprio Concílio Vaticano II, fazem parte da igreja genuina de Jesus todos aqueles que se deixam iluminar e conduzir pela mensagem evangélica do amor e da partilha, ainda mesmo que adorem deuses de pedra, sem a oportunidade do conhecimento do verdadeiro Deus.
Não seria hora de cada um que se diz cristão entrar em si mesmo, questionar sinceramente sua fé, colocar nos trilhos sua jornada terrena e verificar se não desliza nos falsos trilhos paralelos do dogmatismo implacável e do ritualismo vazio e sem sentido?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Rebentos da Fofoca

Morar no interior, sobretudo naquele muito mais interior ainda, composto de cidades de pequeno porte, tem muitas vantagens e algumas desvantagens. Um dos maiores inconvenientes do interior é a fofoca, pela qual muitos se metem na vida de todos, inventando, aumentando e distorcendo os fatos. Entretanto, a meu ver, não deixa de ser esta uma especial maneira de ser social, de estar presente, de participar da vida de todos, nem que seja pela pura imaginação.
Dona Fofoca está sempre presente, sempre ao lado de seu marido Fuxico, sobretudo gerando filhos para os pobres namorados. Senão, vejamos:


Melhor que na capital
É vida no interior.
Só que tem que ser levada
Com boa dose de humor.


Eu mesmo, padre casado
Com bela freira gorada,
Antes mesmo do casório,
Já tinha uma filharada.


Um surgiu na sacristia,
Mais outro no batistério.
Uns dois no confessionário,
Outro até no cemitério.


Namoradinho que afaga
Da namorada a barriga,
É pai, com toda certeza
De mais um filho da intriga.


Namorada comilona,
Que logo fica gordinha,
Encomendou, certamente,
Um filho da Fofoquinha.


Se roupa longa ela usa,
P'ra gordura disfarçar,
Novo filho é prato cheio
P'ra Fofoca comentar.


Se a pobre moça, na festa,
Toma água e não cerveja,
Vizinha quer do neném
Ser madrinha na igreja.


Mulher que só quer ser mãe,
Sem marido carregar,
Recomendo a companhia
Da Fofoca procurar.

domingo, 29 de março de 2009

OS "PICUÍBAS"

"Picuíba" é uma palavra inventada pelo Tio Dolor, uma figura característica e quase legendária, que frequenta o condomínio da Ilha, situado a treze quilômetros e meio do centro de Capitólio. A palavra serve para identificar aquela pessoa que tem por hábito aparecer onde não é chamada, participar das coisas que ali se fazem, inclusive comer e dormir, sem participar nas despesas da turma, inclusive até exigindo tratamento especial. Trata-se do famoso penetra, cara-de-pau, entrometido e outras coisas semelhantes. Para eles vai aí uma homenagem carinhosa, uma vez que sempre desejam tratamento especial.

Picuíba, meu senhor,
Palavra que tem autor.
Quem criou foi Ti Dolor,
Seu maior admirador.

Picuíba, vou dizer,
Campeão é mais que tetra.
Ninguém supera esta classe
Na arte de ser penetra.

Carro com sete pessoas,
Seja punto ou seja vectra,
Com certeza nele vem
Pelo menos um penetra.

Picuíba entra sempre
No racha do combustível.
Deixa,porém, p'ra pagar
Mês que vem, se for possível.

Já do rancho na chegada
Tá na turma da elite.
Na repartição dos quartos
Só aceita uma suíte.

Picuíba de verdade
Tudo tem que aceitar.
Como classe rebaixada,
Tem que ter o seu lugar.

Em meu rancho, por exemplo,
Tem seu quarto cinco estrelas,
Não tem água nem privada,
Nem de longe pode vê-las.

Se quiser fazer xixi,
Tome do mato o caminho.
Ali também ele pode
Despejar seu cocozinho.

Em seu papel de higiene
Não tem que ter regalia.
Tem que limpar com as pragas
Da grande Dona Lilia.

Se de noite padecer
De uma grande caganeira,
Não nos amole e se limpe
Com folhas de bananeira.

Se quiser uma bebida,
Só terá alimonada,
Mesmo assim de limão china,
Sem adoçante nem nada.

Se não gostar de seu quarto,
Bancando o bebê chorão,
Vou mandá-lo ao três estrelas,
Que é o nosso porão.

Ali, você, que não quis
O seu durinho colchão,
Vai tratar de descansar
Seu esqueleto no chão.

P'ra levantar-se, você
Não pode saber a hora,
Pois o porão é fechado
Com cadeado por fora.

Já que só fez reclamar,
Que nem um mala sem alças,
As suas necessidades
Vai fazer todas nas calças.

Você, que é bom picuíba,
Despesa não vai pagar.
Mas deste rancho todinho
Co'a limpeza vai arcar.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Vida Eterna

"A vida não é tirada,mas transformada. Destruída a casa de nossa habitação terrestre, nos é preparada no Céu uma eterna mansão."
O pequeno texto acima, tirado da celebração eucarística pelos falecidos, resume, de maneira magistral, tudo o que penso e tudo aquilo de que estou plenamente convencido, depois de todos os estudos filosóficos, teológicos, científicos e evangélicos, que só fizeram fortalecer e confirmar minha fé cristã, no tocante à vida que vem depois daquilo que impropriamente costumamos chamar de morte. Para mim, como para todo cristão verdadeiro, não existe morte mas apenas mudança de situação ou de estado. E mudança para melhor, pelo menos para quem procurou viver, com amor e dignidade, sua missão aqui na terra.
Mais uma vez esta reflexão aflorou a minha mente, ao participar da despedida (não velório), de meu amigo e pai por escolha, Acyr Alvarenga. Ali estava um soldado de 92 anos de idade, que se foi de pé, com suas armas na mão. Foi para a casa do Pai, deixando-nos na boa lembrança e na saudade.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Terceira Idade

Estive, dia 24 de março,participando do velório de um amigo, meu segundo pai, pai por escolha e não pelos ditames dos sangue. Noventa e dois anos de idade era o tamanho do currículo de meu amigo. Ali, como em todos os velórios, pensei mais uma vez em tudo o que aqui passo a escrever.
A idade do chamado velho é verdadeiramente o momento deo descanso merecido, da aposentadoria das lutas pela sobrevivência, da liberdade de viver sem aspeias do trabalho forçado e dos horários implacáveis. É omomento de curtir as boas coisas da vida terrena, sem horários marcados e sem as cobranças dos patrões.
O idoso não é para ser lamentado, mas para ser louvado e até muito invejado. Ele cumpriu já sua missão, muitas vezes a trancos e barrancos. Ele aprendeu tudo da vida e se tornoumais um dos sábios. Ele espera, tranaquilo, o momento mais solene desta vida, a passagem para a eternidade, para a vida quecomeça com a morte, para o maior dos galardões, que nos foi oferecido pelo Criador. "A vida não é tirada mas transformada. Destruída a casa de nossa habitação terrestre, nos é preparada no Céu uma eterna mansão".

sábado, 21 de março de 2009

Moda da Pragaiada

Homenagem a Dona Lilia em seu aniversário (86 anos).

MODA DA PRAGAIADA

A moda da pragaiada
P'ra Dona Lilia eu canto,
Neste seu aniversário,
Sem tristeza e desencanto.

Fiz a moda com prazer,
Dispenso qualquer salário.
Só quero cantar as pragas
Que já dão um dicionário.

Na hora de arrancar praga,
Qualquer faquinha ela pega.
Tendo a sacola de lado,
À tarefa ela se entrega.

À custa de muito tapa,
A Neiva cerca de um lado,
Neilma da outra banda,
Que nem campear um gado.

Dindinha até que merece
Ter fama internacional,
Pois, em matéria de praga,
Já virou profissional.

De pragas as mais diversas
Conhece todas as manhas.
Na profissão de pragueira
Realiza mil façanhas.

Capim bode ela conhece,
É o mesmo capim mumbeca.
É fácil de arrancar,
Não prejudica a munheca.

Dona Lilia afirma
Que mumbeca tira a paz,
Pois a semente, voando,
Quilômetros ela faz.

P'ra nossa Dona Lilia
Mumbeca é recordação.
Na fazenda era usado
Para fabricar colchão.

Querida Dona Lilia,
Deixa o mumbeca em paz.
Larga de comprar colchão,
De mumbeca pega e faz.

O tal bosta de baiano
É fácil de arrancar.
Tem três ou cinco chifrinhos,
Ele fere e faz chorar.

A mesma Dona Lilia
Tem a própria experiência.
Fincada, sempre exigia
De sua mãe paciência.

Nome feio desta praga
Foi ela, até acredito,
Que criou, para vingar-se
De um tal baiano maldito.

Baiano então dispensou,
P'ra ele nem pode olhar.
Admilson é que vai ter
Que penar em seu lugar.

Praga que Dona Lilia
Não tolera e nem aguenta,
Que tem um nome horroroso,
É a vassoura gosmenta.

Esta praga, p'ra Dindinha,
Devia valer dinheiro,
Pois a usou, muitos anos,
P'ra varrer o seu terreiro.

A tal vassoura gosmenta,
Embora dura e profunda,
Tem flor, tem utilidade,
Não merece o pé na bunda.

A pobre da tiririca,
Folhinha verde brilhante,
Qual esmeralda macia,
Ela arranca n'um instante.

A tiririca é teimosa,
É pior que picuinha.
Até que, nesse seu jeito,
Parece com a Dindinha.

A tal focinho de boi
Agarra que nem chiclete,
Não só na cara do boi,
Mas na roupa que se veste.

Focim de boi foi usado
Pela mocinha Lilia,
Quando de seu namorado
O nome ela escrevia.

Então, em vez de arrancar
Esta praga miserável,
Ela devia é lembrar-se
De seu Quinzinho adorável.

A Dindinha sempre teve
A praga de estimação.
Sem dúvida seu dodói
É o famoso picão.

É fácil de arrancar,
Como é fácil se alastrar.
Para alegria da sogra,
Em meu rancho vou plantar.















sexta-feira, 20 de março de 2009

Autobiografia

Em meu livro "Estava Escrito nas Estrelas" fui questionado por alguns, julgando-me acreditar no destino ou em um determi nismo do qual ninguém pode escapar. Absolutamente sou contrário a tal idéia. Recebemos do Criador a inteligência e com ela damos à vida o rumo que quisermos. Claro que, para sermos realmente livres, e não libertinos, temos que fazer somente o que é bom, para sermos livres de verdade. Livre arbítrio e liberdade são coisas muito diferentes. Pela liberdade só amamos e fazemos o bem. Pelo livre arbítrio podemos optar pelo mal ou errado. Meu título tem sentido posterior, "a posteriori". Escolhi o título mais pela beleza e grandeza das palavras. Pê.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Mensagem inicial ou chave de ouro

Vamos começar com chave de ouro.

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Creio não ter aparecido nada mais propício para resumir toda a boa nova trazida pelo Cristo para a humanidade. É muita responsabilidade criar um blog, pois a gente pode tornar-se responsável por algumas ou por várias pessoas. Estou, entretanto, resolvido a correr o risco, pois o risco é a aventura do verdadeiro cristão com “C” maiúsculo.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Apresentação

Através do presente blog tenho a intenção de manifestar minhas idéias, minhas atividades e minhas reflexões, no intuito de maior intercâmbio com amigos, conhecidos, parentes e até desconhecidos.