quinta-feira, 9 de maio de 2013

Sobre aniversários

     Passou meu aniversário. Completei os setenta e sete anos. E daí? Geralmente a primeira coisa que se deseja para o aniversariante são muitos anos de vida, como se viver mais tempo fosse a coisa mais importante nesta vida. Recebi muitas mensagens, muito mais do que eu imaginava. Foram mais de sessenta ou setenta. Ainda bem que o que mais se desejou para mim não foram muito mais anos de vida, mas que eu continuasse a ser a boa pessoa que tenho sido. Naturalmente que meu ego fica muito satisfeito e até vaidoso com tantos elogios e boas impressões a meu respeito. Tomara que tudo o que falaram de mim seja o reflexo de minha verdade perante Deus. Entretanto, como dizia meu querido e falecido pai, é muita manteiga para um pão de tostão. Os elogios recebidos, porém, me dão a oportunidade de mais uma vez tentar ser tudo aquilo que falam de mim. Voltando, porém, à reflexão sobre os cumprimentos de aniversário, vem-me à memória  um pensamento a respeito da tristeza que costumam sentir os aniversariantes, ao considerarem o dia do aniversário como um passo a mais para seu fim neste mundo. Muito ao contrário, acredito que em tal dia todos deviam olhar para trás, agradecer muito a Deus e se alegrar por mais um ano vencido, mais uma batalha ganha, mais um trecho abençoado da vida. Um septuagenário como eu não tem que sentir inveja das crianças, dos jovens ou dos demais adultos. Felizmente já passei por todas aquelas etapas que nem eles sabem se ultrapassarão. Mais um ano de aniversário seria momento de alegria, de vitória, de agradecimento, de realização de mais uma etapa de nossa finalidade como filhos de Deus. É evidente, também, que tais sentimentos positivos e gratificantes só podem valer para quem procurou levar a vida com amor, com bom humor, com dedicação ao próximo, seja ele qual for. O aniversário, para mim, não é lembrança de morte mais próxima. Costumo dizer que não tenho medo d morte mas que também não tenho pressa de morrer. O que temo é chegar ao final de meu tempo e não estar preparado para encontrar o Pai, para poder abraçá-lo e dizer-lhe que fui um filho fiel e cheio de amor. Tomara que eu seja verdadeiramente tudo aquilo que disseram de mim. Maior presente não poderia haver para um aniversariante. Muito grato, mais uma vez, a todos aqueles que se lembraram de mim em meu dia. Pena é que não possa mandar uma longa carta para cada um deles. Assim seja!

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