domingo, 25 de março de 2012

Ainda sobre o Chile

     Sempre nutri grande simpatia pelo Chile. Tive muita pena do povo chileno, por ocasião da terrível ditadura de Pinochet, na mesma ocasião em que passávamos, no Brasil, pelo mesmo tipo de golpe militar. Felizmente o país venceu a ditadura e se tornou uma democracia exemplar para o resto da América Latina. O pouco que falei sobre nossa rápida visita ao país dá para se ter uma pequena idéia de como ali impera o desenvolvimento, a cultura e o espírito democrático.
     Se eu fosse apontar um defeito naquele povo, eu só teria um ponto negativo, que aliás muito me surpreendeu. Quem me falou sobre o assunto foi um chileno muito sincero e eu acreditei em suas palavras, não só pelo  fato de aquela mancha ter sido apontada por um do país, mas ainda pela constatação que eu mesmo fiz, depois de suas considerações. Disse-me aquele senhor que existe no país uma discriminação aos negros e aos homossexuais. Conforme suas palavras, os negros têm grande deficuldade para encontrar empregos e, quando os encontram, são empregos que os mantêm escondidos do público. Se trabalham em um restaurante, por exemplo, são colocados na cozinha, para não marcarem presença.
     Para ser sincero, eu tive vontade de que aquilo não fosse verdade. Fiquei triste por ver tal mancha em um povo que tanto admiro e tanto estimo. Entretanto, comecei a observar e de fato não me lembro de ter visto negros pelas ruas. Aliás, vi apenas um jovem muito negro, de braços dados com uma jovem muito loura. E cheguei  à conclusão de que se tratava, com certeza, de algum estrangeiro a serviço ou de algum turista, quem sabe até brasileiro.
     Interessantíssimo é que, depois da conversa com o chileno, encontrei, em nosso hotel, vários negros muito bem trajados, bem falantes e completamente à vontade e desinibidos. Procurando conversa com um deles, certifiquei-me de que se trava de um grupo de universitários baianos, de Salvador, que estavam fazendo uma viagem de estudos em Santiago. Aquilo pode ter sido um  motivo de grande admiração e, quem sabe, de modelo para nossos queridos irmãos chilenos.

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